quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A voragem



É mesmo assim. Tudo passa num instante. O herói de hoje é o esquecido de amanhã. É tudo uma voragem. Nada somos, nada valemos, ao contrário do que alguns pensam. Aclamados e reconhecidos depressa fazem parte da galeria dos esquecidos. Tanta agitação, tanta acção e basta tão pouco para que tudo caia no esquecimento. Tudo é breve. Até a vida. A nossa vida.


Esta aguarela é um retrato que, como todos os retratos, é uma visão parcial. A beleza do corpo, a postura, a juventude, o futuro está aqui nestas pinceladas. Procuro que a minha pintura seja mais que um mero olhar; quero que seja uma reflexão sobre a vida com as coisas boas e as menos agradáveis. As cores e as formas buscam captar o que os meus olhos vêem e a alma sente. Aqui a aguarela foi um desafio na arte do retrato. Primeiro o desenho do modelo com lápis fino amarelo (para não ser perceptível) e depois o jogo das cores, umas sobre as outras, para obter mais tonalidades. História da Minha Pintura.

E vos deixo com a poesia de Alberto Caeiro ( heterónimo de Fernando Pessoa), in “Fragmentos”:

Nunca Busquei Viver a Minha Vida

“Nunca busquei viver a minha vida
A minha vida viveu-se sem que eu quisesse ou não quisesse.
Só quis ver como se não tivesse alma
Só quis ver como se fosse eterno.”

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