domingo, 30 de dezembro de 2012

2012

 
 
 
 
Pinturas de 2012
 
 
 
 
 
Não vou falar nada sobre as desgraças do costume; nem sobre as inquietações que os mesmos sofrem; nem sobre fantasias, nem milagreiros. Outros na sua sapiência sabem bem dizer de sua justiça. Eu sou apenas um pintor.

 
 
 

 Foi 2012. Foi a pintura que fiz. Agora, outros julgarão, ou não, o trabalho realizado ( mostrado semanalmente no blog), que corresponde a este meu modo de estar na vida e de o descrever, segundo os meus parâmetros estéticos e éticos.
 
Feliz 2013.
 
 
E vos deixo com as palavras de Mário Vargas Llosa, em entrevista à revista Sábado, para que cada um faça a análise que julgar mais assertiva:
 
“Há uma burla no campo das artes plásticas. Já não sabemos o que é bom e o que é mau, o que é feio ou bonito. Mesmo essas categorias são já inaceitáveis. Desapareceu o cânone estético. Muitos artistas autênticos são completamente ultrapassados e abolidos porque não têm essas capacidades histriónicas de vender, promover, que é o que se premeia, e não o talento artístico.”


domingo, 23 de dezembro de 2012

Feliz Natal

 
 
 








 
 
Quando o Natal chega, mesmo tudo ficando igual, há um outro olhar sobre a condição humana. Há um desejo de reconciliação. Connosco. Com o mundo. No imaginário ou pela força da tradição. É o que eu sinto. E muitos como eu. Sei que a fantasia é a fantasia. Que a mentira é sempre mentira, mas este mundo será sempre da incerteza. Da dúvida. E do sonho também.
 
Boas Festas para os que me acompanham, aqui, neste descritivo modo de olhar a arte e a vida.
 
E vos deixo com as palavras de Philip Chesterfield:
 
“A maioria das artes exige longo estudo e aplicação, porém, a mais bela de todas, a simpatia, apenas exige vontade.”


domingo, 16 de dezembro de 2012

Desconhecidos

 
 
 
 
 
 
 
 
Desde que descobri na net um canal de música passei a ouvir, enquanto pinto, ópera, porque me dá paz, serenidade, companhia, ambiência e me transporta para imaginários cenários. Já escutava música clássica na nossa rádio de referência. Ouvia e ia aprendendo a conhecer autores, intérpretes e muitas das histórias envolventes. Depois, neste eterno mudar que é composta a vida das pessoas e das empresas, tudo ficou diferente. Programas que seguia deixaram de existir e, muitas das vozes que me eram familiares desapareceram. Deixei de sintonizar a única estação com a qual me identificava. Agora, com esta descoberta, ganhei o que queria – música operática-, mas perdi muito. Perdi porque ninguém anuncia quem canta o quê, nem porquê, nem como, nem os muitos episódios de uns e de outros. A arte não nasce das pedras, ela é resultante de trabalho e dedicação de pessoas com uma história de vida. Não referir o universo da criação é transformar a autoria do belo num mar de esquecidos. De desconhecidos. Triste sina em que apenas se conta uma parte da história. Da nossa história. Das nossas vidas.
 
 Recordo hoje as palavras de Alphonse Karr:
“O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração.”
 
 
 
E termino com Rollando Vilazón cantando “Una Furtiva Lágrima” ária de Donizetti, que é um hino ao amor e não ao esquecimento, porque os amores nunca se esquecem.


 
 


domingo, 9 de dezembro de 2012

Deixem-me

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Repouso", 2012
 
Pintura sobre tela, 60x100 cm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



Deixem-me continuar.

Deixem-me neste tempo e neste modo.

Deixem-me descobrir a quadratura do círculo.

Deixem-me viver nas ondas dos desejos e das miragens.

Deixem-me vencer os dias como se fossem anos.

Deixem-me olhar com olhos de ver.

 Deixem-me com os meus pensamentos feitos realidade.

Deixem-me.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


domingo, 2 de dezembro de 2012

As conversas são como as cerejas

 
 
 
 
 
 
“Novas Conversas”, 2012
 
Pintura sobre tela (em construção).
 
 
 
As conversas são como as cerejas: umas arrastam as outras. De um episódio se passa ao seguinte e a mais outro, que se complementam ou, até, se opõem. Com sentido crítico assertivo e, também, como acontece muito, com ligeireza, se fala de tudo sabendo ou não do assunto. É uma necessidade dizer coisas com verdade ou mentira. A presença de alguém quase que obriga a um diálogo que é, muitas vezes, apenas um modo de estar em que o silêncio é o inimigo que não se deseja. Não falar quando se está com alguém é dizer tanto, sem dizer nada. Uma palavra, um sorriso, um olhar, um gesto completam curtas ou longas narrativas. E porque a comunhão com alguém que não tem nada a acrescentar é desmotivante, as conversas deixam de ser apelativas e acabam, quando se esgota a vontade de ouvir o outro ou de dizer seja o que for. E nos afastamos. De vez. Ou nos arrastamos. Muitas vezes.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Guy Maupassant:
 
“A conversa é o jogo de raquete das palavras e das ideias.”


domingo, 25 de novembro de 2012

Se



 
 


"Posturas Privadas", 2012

Pintura sobre tela, 100x100cm




 

 
Se tudo tivesse sido diferente.
Se as pessoas que conheci fossem outras.
Se as que amei me prendessem.
Se os que vi partir não tivessem ido.
Se o que vivi não vivesse.
Se o que vi fosse mentira.
Se o que nunca senti fosse sentido.
Se o sonho fosse realidade.
Se as dúvidas fossem outras.
Se eu fosse diferente.
Se depois de tudo.
Se…


domingo, 18 de novembro de 2012

Farto





 
 
 
 
 
Estou farto. Farto dos telejornais; farto dos blogs lamechas; farto das conversas e dos glutões do costume. Tudo desemboca, sempre, no mesmo: crise e desencanto. O poder político tradicional já não convence. É tudo gente desacreditada. A apreensão é grande. A realidade mudou de vez. Nada é como dantes. Ou quase...nada.
 
 
Não mudo o mundo mas, não sou como a avestruz. Nunca acreditei que do ar se fizesse ouro e da preguiça riqueza. Nesta onda de fingimento e de valorização do que não existe, a vida é para ser vivida um dia de cada vez, que é como quem diz: o futuro é uma incógnita crescente, porque o amanhã é a certeza da incerteza. E há os outros: aqueles que sabem como viver, porque o mundo é dos espertos e,… só deles!
 
 
Resta-me o mesmo do mesmo: pintar. É uma benesse, bem sei, dado que é o caminho onde encontro a paz e o sentido deste andar, longe dos pareceres dos mandantes. É uma fantasia vivencial, reconheço, que tem os dias marcados pela incerteza dos demais, porque sinto-me como peixe na água enquanto pinto, ouvindo a minha música operática e longe das agruras comportamentais de muitos. Cada novo dia é a esperança em criar algo de novo que seja apelativo e congregador. E feliz me sinto, tendo oportunidade de pintar. O que é incomensurável. Podem crer.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Victor Hugo que disse:
 
“A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero.”


domingo, 11 de novembro de 2012

A luz ao fundo do túnel






 
 
“Márcia”, estudo prévio.
Pintura sobre tela ( em construção).
 
 
É um regalo. Todos sabem como melhorar as finanças do país. Alguns dos meus conhecidos conhecem a fórmula mágica. É tão simples: renegociar, criar emprego, blá, blá, blá. Facílimo. É nesta maré de demagogia e ignorância que, todos os dias, oiço a solução para os males deste pequeno retângulo peninsular. Eu, que não sei fazer contas, prefiro desviar a minha atenção para outros interesses, sabendo, no entanto, que ando apoquentado e o sono nunca mais foi o mesmo, desde a descoberta do descalabro das contas públicas. Valha-me não Deus, mas a pintura e este meu caminho de ilusão e fantasia. Hoje pinto mais um retrato; amanhã acordo ambicionando fazer uma obra-prima mas, tal como os meus conhecidos, também não sei nada de nada, julgando saber, porque mesmo pintando apaixonadamente desde criança, as obras ficam sempre àquem do expectável, todavia, não desisto deste caminho de persistência, mesmo na solidão e no silêncio, ou não fosse a arte da vida, afinal, a luz ao fundo do túnel.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Mark Twain:
 
“Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver.”
 


domingo, 4 de novembro de 2012

Diálogos sem fim

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
“Diálogos sem fim”, 2012
Pintura sobre tela, 100x100cm
 
 
 
Tudo se diz com relativo acerto ou nos seus antípodas. Todos têm opinião, mas as questões apenas se afloram, acusam muitos. A certeza é a ciência dos eruditos e, estes são gente rara, existentes em parte incerta, dizem os do costume. E eu? Eu não sei a que horas há comboio.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Baron de Mostequieu que disse um dia:
 
“Quanto menos os homens pensam, mais eles falam.”
 
 


domingo, 28 de outubro de 2012

Fragmento (I)

 
 
 
 
 
 
 
“Fragmento”, 2012
Pintura sobre tela
 
Adoro ir ao cinema. O espaço, as luzes e a magia expectável criam uma atmosfera do encantatório. A grandeza das imagens, a visão fragmentada das mesmas, a sonoridade elevada e o espaço confinado estimulam um outro olhar. Com a envolvência da ação a ficção se torna real e vice-versa. A verdade e a ilusão - essência da arte – conquistam multidões, embora aquilo que os nossos olhos observam é, sempre, apenas uma escolha e um julgamento de valor, entre a imensidão visual. Como pintor, procuro criar imagens que levantem questões, mesmo que sejam muito simples e, talvez por isso, a minha pintura é, penso eu, algumas vezes um olhar cinematográfico.
 
 
 
Ao fragmentar, aqui nesta pintura, uma parte da representação do corpo, sigo o caminho das imagens dos filmes que me acompanham desde sempre. Aquilo que faço é apenas a resultante deste caldo cultural de posturas que visam princípios e valores que mudam. O mesmo torna-se diferente se observado de um outro modo. A arte é uma constante das mesmas questões vistas num outro prisma: novos recursos e novas oportunidades geram obras diferentes sobre as dúvidas existenciais de sempre. Tudo muda nos considerandos. Até o que pensamos do corpo. Do nosso e, também, do corpo dos outros.
 
 
E vos deixo com as palavras de William Shakespeare:
 
“O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.”
 



domingo, 21 de outubro de 2012

Conversas Perdidas

 
 
 
 
“Conversas Perdidas”, 2012
Pintura sobre tela (em construção)
 
 
Não se fala senão na crise. As conversas desembocam sempre no mesmo: impostos insuportáveis, futuro incerto, desemprego a aumentar, bancarrota à vista. A angústia cresce e a tristeza é uma constante. Nada parece agora interessar neste panorama negro e sem fim à vista. Cada dia aparenta ser pior que o anterior. Para onde vamos?
 
Tudo é tão frágil. A condição humana pouco importa em momentos de convulsão e de mudança. Cada um por si é o lema quando a desgraça é muita. Perdeu-se a esperança na vontade e na capacidade. Parece não haver mais ninguém que nos eleve, nos faça sorrir e ter esperança. Já todos desacreditámos. É o nosso fado.
 
Contra a corrente trabalho num limbo de fantasia e esperança. Também não gosto de fazer mais nada. Confesso. Enquanto for possível andarei por aqui mostrando a minha pintura e os estados de alma do momento. A arte é um mostruário de paixão e de sonho, mas todos os sonhos acabam com o despertar da aurora, e todas as paixões são breves. É o meu fado.
 
 
E vos deixo com as palavras de André Suarés:
 
“A arte é o lugar da liberdade perfeita.”
 


domingo, 14 de outubro de 2012

Histórias por contar (III)






 
“Intimidade”, 2012
Pintura sobre tela
 
 
 
As normas são o que são. As regras ou a falta delas definem um modo de ser e estar. O que é hoje certo aqui é errado noutro lugar ou noutro tempo. Enfim, é o mundo que andamos a construir. Com radicalismos e variantes. Infinitamente sempre assim.
 
 
A arte é a expressão da vida em todos os momentos, quer eles sejam banais, singulares, privados ou outros. E por retratar aquilo que somos nem sempre é aceite o olhar do artista. O escândalo de hoje é a normalidade do amanhã pela identidade e pela contextualização. O erotismo e a sexualidade ainda ferem as sensibilidades de alguns, em ambientes insuspeitos, ou não fosse a moldura religiosa uma via de conduta. De todos. Ou quase todos.
 
 
E, porque tudo tem uma explicação, quando era aluno nas Belas-Artes lembro-me de confessar que gostava mais de pintar a representação de pessoas vestidas. Para mim, enquanto pintor, o interesse é unicamente estético. As vestes criam um leque variado de formas e cores que exaltam a composição, em contraponto à simplicidade formal do corpo, embora reconheça que o nu tem sido recorrente na arte de todos os tempos. Com tabus e sem eles. Chegou o momento de voltar ao nu artístico. E esta é a primeira tela de uma série que agora vou mostrar pontualmente, neste caos de julgamentos éticos e de valores desencontrados.
 
 
E vos deixo com as palavras de António Lobo Antunes, in Diário de Notícias (2004):
 
 
“É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga.”
 


domingo, 7 de outubro de 2012

Histórias por contar (II)

 
 
 
 
 
“Namorico”, 2012
Pintura sobre tela, 100x100cm (em construção)
 
 
De miúdo recordo com saudade as noites frias de inverno onde, em casa das minhas tias-avós, à roda da braseira, ouvia as muitas histórias de encantar. Longe de mim a inveja e a soberba. Todo aquele rosário de infindáveis episódios de vida era uma aprendizagem. Sem maldade nos julgamentos opinativos ouvia extasiado novas diárias. Mal sabia eu que ainda hoje me surpreendo com mirabolantes contos. Como tudo muda, nada mudando…
 
E, das muitas histórias, o namorico era assunto constante. De tanto ouvir contar ficou-me este modo de representar picturalmente o lado afetivo. Outros tempos. Outros juízos de valor. Outras sensibilidades. Enfim, o passado.
 
Hoje o que resta é a desvalorização dos costumes. Tudo está tão diferente. É a roda da vida: a ciência evolui; as causas e os valores mudam; e o amanhã depois se verá. Neste percurso de memórias que o tempo leva, outros dirão de sua justiça, ou não fosse tudo tão breve e insignificante, neste universo de muitos mundos, em que a recordação é um espelho difuso de um tempo, e, até, a importância do «eu» é apenas um conceito e nada mais. Tudo se esvai, mesmo as melhores imagens de infância.
 
 
E vos deixo com as palavras de George Sand:
 
“A memória é o perfume da alma.”
 


domingo, 30 de setembro de 2012

Histórias por contar (I)




 
 
 
“Beijo”, 2012
100x100 cm, pintura sobre tela
 
Quando vou a algum lugar levo sempre uma mochila com uma máquina fotográfica e um livro. Com as imagens, que vou fazendo, procuro ficar com o registo de um espaço e de um tempo; com a leitura “fujo” da realidade envolvente.
 
Agora, mais do que nunca, o que eu quero é estar longe, muito longe desta maré de inquietação e de profundo desencanto social. Tantos, em tanto lado, desabafam dizendo de sua justiça, mas eu já não suporto ouvir gente que diz o oposto do que julgo certo. Tenho a arte como refúgio. E pinto como nunca pintei. Cada minuto fora do ateliê é um suplício, reconheço, no entanto, que há outros mundos por comungar.
 
Atualmente é o tempo em que as vozes populares se fazem escutar, mesmo que impregnadas de fantasia e de inconsistência, porque, afinal, este mundo sempre foi o palco das utopias que movimentam as massas em busca de sonhos que, infelizmente desembocam, muitas vezes, em tragédias ou em frustrantes desfechos. Talvez por não acreditar nos pregadores, naqueles que nos entram em casa todos os dias, eu levo comigo os utensílios que me “transportam” para longe, para muito longe daqui, quando vou por aí, em busca de outros sonhos.
 
E termino com as palavras de Heráclito que disse:
 
“ Nada é permanente, salvo a mudança.”
 
 
 


domingo, 23 de setembro de 2012

Percurso da Pintura (II)




“Beijo”, 2012

100x100 cm, pintura sobre tela (em construção)

 

O percurso da pintura é sempre um saudável enigma, com momentos de angústia mesclados de esperança. Quando acabo uma obra ela ganha autonomia e deixa de me pertencer, para entrar no campo da especulação dos críticos…se os houver. Depois parto para o projeto seguinte que é a procura dos mesmos ideais de beleza e de sensibilidade, segundo este meu modo de olhar e ver o mundo dos Homens, onde pretendo, sobretudo, destacar o lado sensorial da vida.

 

 Quanto mais pinto mais me perco no desejo de pintar, distanciando-me da realidade envolvente, porque já não quero ver mais, nem saber mais, dado que o tempo que me resta é para gastá-lo naquilo que me preenche, tanto quanto possível, e não para consumir-me nas intrigas e invejas do costume.

 

Recordo hoje as palavras de Alfred de Musset que disse um dia:

 

“- A única linguagem verdadeira no mundo é o beijo.”

 


domingo, 16 de setembro de 2012

Percurso da pintura (I)




 
 
Pintura em construção, 2012
 
 
 
 
Na noite escura dos pensamentos, quando surge uma estrela que altera o sentido e o significado da existência, tudo fica diferente e, o que ontem era negrume, hoje é um raio de luz deslumbrante. Acontece. No círculo da vida. Como é delicioso.

 


domingo, 9 de setembro de 2012

Pensamentos Perdidos

 
 
 
 
“Pensamentos Perdidos”, 2012
Pintura sobre tela de 100x100cm
 
 
Pensar muito é, quantas vezes, moer do mesmo, mesmo pensando que se pensa diferente.


domingo, 2 de setembro de 2012

Sem Tempo



 
 
Pinturas por concluir, 2012
 
 
 Fica sempre tanto por fazer nesta vida de certezas e de múltiplos enganos.


domingo, 26 de agosto de 2012

Momentos únicos

 



 
“Momentos únicos”, 2012
Pintura sobre tela, 60x100cm
 
 
Os momentos são todos únicos, mas uns são mais únicos, sobretudo, pela simbologia, pelo encanto e pelo êxtase.


domingo, 19 de agosto de 2012

Gostar








“Gostar”, 2012
Pintura sobre tela, 81x100 cm

 
Gostar de estar, de sentir, de desejar, de realizar, de comungar é, afinal, tão simples e singelo quando se tem com quem partilhar.


domingo, 12 de agosto de 2012

Quanto é doce






 
“Quanto é doce”, 2012
Pintura sobre tela, 81x100 cm




 
Um olhar. Um sorriso. Um silêncio. Um gesto. Um murmúrio. Um aroma. Uma palavra. Um toque. Um beijo. Um suspiro. Uma certeza. Quanto é doce.












domingo, 5 de agosto de 2012

À Beira-Mar










“À Beira-Mar”, Pintura sobre tela de 2012



 O que precisamos todos é de pensar e de falar das coisas boas. A virtude dos dias tórridos é de apaziguar os males e renovar as esperanças dos que ainda acreditam. A crença em dias melhores, dentro do possível, é uma obrigação. É um imperativo. O espírito lusitano com pouco faz muito, e, nem sempre com o muito multiplica. Haverá continuamente injustiçados, azarentos e inconformados. Paciência. Mas nem tudo é negro nem celestial. Enquanto o Estado Social não cair de podre, vamos cantando e rindo entre fantasias e utopias: uns acreditando que do ar se faz ouro; outros julgando que o mal só acontece aos desgraçados do costume. E eu, aqui, vou pintando numa espiral de ilusão. Com muita entrega procuro criar um universo plástico, onde o belo tem lugar entre os considerandos. Os dias passam, os anos também. As memórias diluem-se entre tantos episódios. Agora, o que interessa é que o sol aquece, os dias estão lindos, o mar convida, e a tristeza fica para depois.


E vos deixo com as palavras de François La Rochefoucauld que disse um dia:


“Quando não encontramos o repouso em nós próprios, é inútil ir procurá-lo noutro lado.”



domingo, 29 de julho de 2012

Férias exóticas










“Dançarina”, Pintura sobre tela de 2012


Aqui, neste país à beira mar plantado é chegado o momento - para alguns - de saborear os prazeres do verão, as vantagens do calor e do repouso que traduzem o período estival e, sobretudo, esquecer um ano de trabalho. É frequente ver outro encanto nos rostos, nas posturas e nas expectativas quando o sol aquece. Todos ficam diferentes. Depois logo se vê. Agora é a fase dos prazeres e dos sabores: das viagens, das diferenças comportamentais, dos desejos. Como é belo sonhar. E nada mais interessa. Até ao despertar do desencanto.

Viajar é ir em busca de algo novo. Há os que procuram a preservação da natureza e as belezas ainda existentes de um passado que se quer prolongar; há os que buscam a inovação e tudo o que a modernidade tem para dar. Estes dois modos de descoberta procuram o exótico, o diferente e, naturalmente, o mistério da vida e das coisas.

E é nesta mescla de descobertas, viagens, desejos e sonhos que o exotismo ganha relevo: nunca se viajou tanto; nunca tantos comungaram diferenças culturais como hoje; nunca tanta gente conheceu tanto em tanto lado. E, no entanto, as guerras continuam. E há os que gostam de copiar, de adulterar outros modos de ver e sentir. Bem longe, ou tão perto se faz igual, como se fosse possível transpor a História e as tradições numa aparência visual. É o que acontece, neste mundo de enganos. Como é bom fingir que a vida é bela.

E de mentiras se constrói o caminho, porque tudo é breve. Aqui vai um, ali outro e todos, todos vivendo ou desejando exóticos destinos e vivências felizes, numa fantasia de enganos, que é, afinal, o que se vive, sobretudo, nos dias tórridos de verão…


E vos deixo com as palavras de William Shakespeare que disse um dia:

“Se todo o ano fosse de férias alegres, divertirmo-nos tornar-se-ia mais aborrecido do que trabalhar.”
  

domingo, 22 de julho de 2012

O espelho








“Quem é mais bela do que eu?”, Pintura sobre tela de 2012

O espelho mostra-nos o lado exterior de nós próprios. É um dos modos de nos reconhecermos fisicamente num mundo de gente semelhante e, curiosamente, todos tão singulares. É verdadeiramente mágico que na imensidão humana se consiga ser diferente, mesmo tão iguais na aparência. Tanta gente. E há qualquer coisa em cada um de nós que nos distingue e diferencia. É maravilhoso que assim seja, no entanto, porque cada pessoa é única, e, por isso, insubstituível, as mágoas são muitas quando alguém parte…
E o espelho é, também, o palco das vaidades em que se procura ver o corpo belo, para obedecer aos rigores estéticos do momento, mas não há formosura que resista ao tempo…
 

Quanto ao nosso lado interior não há espelho que mostre o que nos vai na alma, embora os olhos digam muito, porque são um indicativo de alegria ou tristeza. Felizmente que há um cantinho, dentro de nós, só nosso, onde guardamos os segredos e as lamentações... dos “pecados” ou da falta deles. Bem longe dos espelhos...


 
E vos deixo, mais uma vez, com as palavras de Fernando Pessoa que disse um dia:

 “Do indivíduo temos de partir, ainda que seja para o abandonar.”

domingo, 15 de julho de 2012

Dormir






2012, “Dormindo” pintura sobre tela.

Sonhei tanto e fiz sonhar outro tanto. Com verdades e mentiras à mistura. Imaginei este mundo e o outro. Galguei montes e vales, mares e céus. Inventei cenários idílicos de dia e de noite. Agora vivo das recordações. Das boas e das outras. Da saudade, sobretudo. E aqui estou dormindo na paz dos anjos, ora imaginando, ora construindo projetos, que valem o que valem, neste andar de procuras e de encontros estéticos, onde o interesse de ontem é apenas um vislumbre, porque o que conta, hoje, é a serenidade e a acalmia dos ímpetos. E o tempo passa entre dormidas e panaceias, em que a arte é a força motriz e a razão principal da significância deste meu andar por aqui. Até ao juízo final.


E termino com um excerto do poema “Dorme, que a Vida é Nada” de Fernando Pessoa, in Cancioneiro:

“Dorme, que a vida é nada!

Dorme, que tudo é vão!

Se alguém achou a estrada,

Achou-a em confusão,

Com a alma enganada…”



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Hopper em Madrid






Madrid. O calor aperta e a luz é imensa. As pessoas correm de um lado para o outro com roupas suaves, luzidias, oscilantes e, até, algumas, com vestes sensuais, tão próprias da época estival, aproveitando, assim, os primeiros dias da nova estação que transporta consigo as alegrias do verão. Da multidão vejo surgir um homem vestido de negro acompanhando uma jovem coberta, também, de um longo e inapropriado (julgo eu) vestido igualmente negro, com um enorme lenço cobrindo a cabeça e apenas deixando perceber os olhos. Enfim. É o caldo cultural dos nossos dias. A liberdade é o direito à diferença, mesmo para os que querem impor a unicidade. E enquanto o Museu Thyssen abre as portas à retrospetiva da obra pictórica de Hopper (1882-1967) - razão principal da minha visita à capital espanhola -, vou olhando o que me cerca e pensando na maravilha que é alguém conseguir captar o interesse de tantos, apenas e só porque pintou o que lhe ia na alma, bem longe das modas do seu tempo e dos fundamentalismos que cada época comporta. Este pintor, americano, soube conciliar a mestria técnica com a conjugação temática baseada essencialmente nas emoções humanas, onde não há moda ou radicalismo que suplante aquilo que é a nossa essência. A sua pintura é influenciada pelo cinema mas, curiosamente, também, cineastas recorrentemente constroem cenários tendo como ponto de partida a pintura de Hopper. A sua obra é tão pungente que os anos passam, as modas também, e o interesse pelo seu trabalho cresce, apesar de muito divulgado, porque ver "in loco" as pinturas dá ao observador outra dimensão, que só é possível captar estando frente a frente, olhando diretamente, vendo a harmonia cromática perfeita, a pincelada solta e o admirável jogo da luz e da sombra, em que as personagens pictóricas se identificam com cada um de nós, independente das opções e dos conceitos de vida que perfilamos, ou não fosse a arte uma expressão da vida.

E vos deixo com as palavras de Simone de Beauvoir que disse um dia:
“É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente.”

domingo, 1 de julho de 2012

Outras leituras







2012, "Outras Leituras" pintura sobre tela, 100x60 cm




Muito se lê e escreve hoje. A internet criou novos hábitos de leitura e escrita. O leque dos que através das palavras comunicam com os outros aumentou exponencialmente. A democracia dos ideais passou a ser não um exclusivo dos pensadores das grandes causas mas, sobretudo, um desabafo de todos os que utilizam as novas tecnologias para dizerem de sua justiça, certamente, cheia de impropérios, mas a voz popular é, agora, mais global com as vantagens e os inconvenientes do pensamento imediato e emocional das multidões.
É triste ver que os livros – em papel – estão a desaparecer nas nossas casas, nas salas de espera, nas viagens, nos cafés, e com isso os hábitos de saborear, também, o objeto artístico, porque um livro é um conjunto de palavras, imagens, texturas, cheiros e com um passado milenar, que permitiu a evolução civilizacional do Homem graças ao acumular de informação. Mas o progresso é assim mesmo. As novas gerações terão como suporte comunicativo o visor dos computadores e, o passado legado nas folhas de papel será apenas uma memória, ou não fosse a nossa existência, um saudável e maravilhoso recordar, em que o futuro é já amanhã, e isso é que importa. Mesmo sem livros em papel. Para meu desgosto. E de muitos mil.

E vos deixo com as palavras de Julien Green que disse um dia:

“ Um livro é uma janela aberta pela qual nos evadimos”.



domingo, 24 de junho de 2012

Pausa










2012, “Pausa” pintura sobre tela de 40x40 cm.

 Daqui para ali. De lá para um outro local. Estamos sempre em busca de qualquer coisa que está num outro lugar, real ou fictício. Procuramos eternamente o sítio certo, o cantinho ideal dos desejos, das necessidades e, até, de nós próprios. Depois chega o tempo de parar. Da pausa. E lá se vai tanto andar de um lado para o outro. E a correria termina de vez ou, apenas, por instantes. Por breves instantes, porque há sempre um incógnito desígnio, neste nosso modo de olhar e querer, isto e aquilo. Felizmente que é assim. Desgraçadamente é quando desistimos. E tantos, tantos se deixam vencer, logo à partida. Por isso, é preciso sempre uma pausa, quando o mundo, e, tudo o que ele comporta, ultrapassa a nossa capacidade de vislumbrar o certo e o errado, o belo e o feio, o maravilhoso e o fantástico. Parar para pensar é, quantas vezes, vencer etapas, galgar montes, vales e descobrir a luz. E é tão bom gostar de gostar.

E vos deixo com as palavras de Johann Goethe que disse um dia:

“Pensar é fácil. Agir é difícil. Agir conforme o que pensamos, isso ainda o é mais.”