domingo, 30 de setembro de 2012

Histórias por contar (I)




 
 
 
“Beijo”, 2012
100x100 cm, pintura sobre tela
 
Quando vou a algum lugar levo sempre uma mochila com uma máquina fotográfica e um livro. Com as imagens, que vou fazendo, procuro ficar com o registo de um espaço e de um tempo; com a leitura “fujo” da realidade envolvente.
 
Agora, mais do que nunca, o que eu quero é estar longe, muito longe desta maré de inquietação e de profundo desencanto social. Tantos, em tanto lado, desabafam dizendo de sua justiça, mas eu já não suporto ouvir gente que diz o oposto do que julgo certo. Tenho a arte como refúgio. E pinto como nunca pintei. Cada minuto fora do ateliê é um suplício, reconheço, no entanto, que há outros mundos por comungar.
 
Atualmente é o tempo em que as vozes populares se fazem escutar, mesmo que impregnadas de fantasia e de inconsistência, porque, afinal, este mundo sempre foi o palco das utopias que movimentam as massas em busca de sonhos que, infelizmente desembocam, muitas vezes, em tragédias ou em frustrantes desfechos. Talvez por não acreditar nos pregadores, naqueles que nos entram em casa todos os dias, eu levo comigo os utensílios que me “transportam” para longe, para muito longe daqui, quando vou por aí, em busca de outros sonhos.
 
E termino com as palavras de Heráclito que disse:
 
“ Nada é permanente, salvo a mudança.”
 
 
 


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