segunda-feira, 28 de março de 2011

Trabalho




Trabalhar é executar uma tarefa com o propósito de criar riqueza que seja de interesse e reconhecido, por quase todos, como necessário. É um conceito. É uma das muitas definições. Há outras. Hoje, como acontece muito, longas horas de labuta não significam, de modo nenhum, que se tenha produzido algo de interesse ou reconhecido como necessário. Há aqueles que trabalham tanto e apenas geram burocracia; outros, galgando etapas, fazem mais sem obedecer a critérios de gente duvidosa; outros ainda criam sonhos que se destinam ao ego ou, a posturas de vida em contra-ciclo com os dias de hoje. Como sempre. Felizmente.



Estas imagens retratam a identificação das minhas obras e a data da conclusão das mesmas. Por aqui se pode ver o ritmo do trabalho e o tempo que medeia entre as peças. Para conseguir fazer estas pinturas foi preciso ter um método, um grande rigor temporal e exigência pessoal. É assim que eu trabalho, no entanto, tudo não passa da feitura de pintura que vale o que vale, ou seja, neste nosso mundo há de tudo: o que interessa e o que é dispensável. Para uns a arte é um parente pobre. Para mim não. Importante ou não -aquilo que faço- continua a ser a busca do meu sonho. Felizmente. Penso eu. História da Minha Pintura.


E vos deixo com as palavras de William Shakespeare, in “António e Cleópatra”:

“Para o trabalho que gostamos levantamo-nos cedo e fazemo-lo com alegria.”

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dias contados






Acontece muito: contamos os dias. Os dias que faltam para isto ou para aquilo. Para o que desejamos de bom ou, infelizmente, porque nunca mais chega o fim do mês para receber (quando se recebe) o vil pilim. E contamos muito os dias e os anos sobre tudo e sobre nada. E o tempo passa nesta contagem, em que queremos que algo mude porque, quando não queremos mudar nada, tudo está mal. A inconformidade é um estado de alma permanente que nos leva a desejar eternamente viver outros episódios, outras descobertas, outros desafios. Desejar manter tudo igual é sinónimo de conformismo, de velhice, de gente derrotada que não espera mais nada da vida senão o arrastar das situações. Felizmente que predomina a vontade de novos rumos em busca de imaginários mais lustrosos e encantadores, ou não fossemos todos nós uns eternos sonhadores. E ainda bem. E ainda bem.

Estas imagens mostram o meu modo de trabalhar. Aqui, primeiro fiz uns esboços em que tudo acabou numa aguarela e, só depois, surgiu a tela que é a continuidade lógica de toda a minha busca. Conto os dias que cada obra leva a ser feita, porque quero fazer mais e mais, nesta minha caminhada solitária em busca do sonho. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Jean de La Fontaine:

“Pela forma como trabalha se avalia o artista.”

segunda-feira, 14 de março de 2011

Outros olhares




É sempre assim. O tempo, ou dizendo, a experiência de vida, faz ver os mesmos acontecimentos de formas diferentes. Cada um faz as análises do que vê de acordo com o seu modo de estar e sentir em determinado momento das nossas vidas, o que significa, simplesmente, mudar continuamente de opinião, ou não fossemos, eternamente, uns aprendizes. Felizmente.



Esta pintura, ainda por concluir, é mais um retrato onde o olhar tem a força que expressa o que sentimos a cada instante. Procurei, aqui, captar o momento certo, onde o espaço envolvente transporta consigo interesses, interrogações e, naturalmente, certezas. Contraste de cores e ambiente fechado, mas cheio de luz, fazem a história desta pintura, que é uma das primeiras desta série pictural, em que a mulher e a casa são os protagonistas. História da Minha Pintura.



E termino recordando as palavras sábias, de textos judaicos, extraídas do “Pensamento Rabínico”:


- “São os olhos que dizem o que o coração sente.”

segunda-feira, 7 de março de 2011

É Carnaval




O Carnaval é o faz de conta. É agora assim no país real. Os portugueses aplaudem: os professores trabalham mais, graças às reuniões sem fim, sobre o sexo dos anjos, esquecendo a tutela que a escola é para ensinar e não para tanta burocracia; o mesmo acontece com os enfermeiros e médicos que precisam de preencher papelada sem fim, logo, sobrando menos tempo para os doentes; os militares - a acreditar no que dizem os americanos através do Wikileaks - compram “brinquedos” caros mas não têm dinheiro para os combustíveis do patrulhamento; a justiça demora 13 anos a acusar um arguido do rapto de uma criança; as finanças estão como estão com os empréstimos a 7% num país sem criação de riqueza, mas que vai ter um TGV e tem estádios de futebol onde não se joga futebol. Enfim, este é o país real, no mundo da fantasia que é o Carnaval.


Bom Carnaval para todos.

Estes meus trabalhos, em aguarela, retratam momentos em que a fantasia e a realidade se misturam, num jogo onde tudo tem sentido, nada fazendo sentido. A arte tem estas regras. Felizmente. História da Minha Pintura.

E recordo hoje as palavras de Mark Twain:

“Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver.”