domingo, 25 de março de 2012

Arco- íris e outras histórias


"Carícias" pintura sobre tela, 2012


Não vou falar delas. Das cores.
Não vou falar deste inverno sem chuva que transformou as paisagens verdejantes em sombrios térreos.
Não vou falar do negrume que invade a alma dos doentes, dos abandonados, dos desempregados.
Não vou falar do sangue derramado que enche de vermelho as nossas estradas matando tanto jovem.
Não vou falar do azul que caracteriza o nosso planeta quando visto do espaço.
Não vou falar da simbologia do branco que transmite beleza, pureza, e paz.
Não vou falar delas. Das cores.
Não vou falar do prazer que eu tenho quando combino as cores numa tela.
Não vou falar das sensações cromáticas que a música me transmite.
Não vou falar do maravilhoso que é olhar e ficar fascinado com a beleza pigmentada que nos cerca em todo o lado, com o amarelo, laranja, anil ou violeta.
Não vou falar daqueles dias terríveis onde tudo parece cinzento, quer por fora, quer por dentro de mim e dos outros.
Não vou falar delas. Das cores.
O que eu queria era ver o arco-íris.

domingo, 18 de março de 2012

Olhar com olhos de ver



Basta olhar. Olhar é apenas ver imagens de um instante. Ver com olhos de ver é bem diferente. Olhamos tanto e apenas observamos o que nos interessa ou, melhor dizendo, aquilo que a nossa capacidade consegue discernir. Olhar com olhos de ver é alcançar mais longe. É distinguir o que é importante num contexto nesse momento. Infelizmente quase sempre se vê o mesmo, sem querer ver mais, muito mais. Somos assim. Quase todos.

Esta imagem “Momentos” é uma tela recente de 50x50 cm. Numa breve visualização mais não é que a representação de duas figuras abraçadas. Com um olhar atento muito mais há para descobrir, porque não basta olhar, é preciso ver com olhos de ver.

E vos deixo com as palavras de Antoine Saint- Exupéry que disse um dia:

“O essencial é invisível aos olhos.”

domingo, 11 de março de 2012

A vida é bela


A vida é bela. Depende do que queremos. Dela. Da vida. Uns vivem para ter bens materiais e invejam, até, os que pouco possuem. Depois há os outros. Os que sabem que o importante é saber viver com aquilo que se pode ter. E só aquilo que se pode ter. E mais nada. Com ambição mas não com inveja, nem soberba. Para estes a vida é bela. Para os outros, um inferno. Sempre.
Esta pintura "A vida é bela", tela de 2012, é mais um retrato de um momento, igual a tantos outros. É um momento. E os momentos, porque o tempo não volta, são sempre importantes. Porque tudo passa num ápice, e, de repente, percebemos com nostalgia e angústia que, tudo se foi, num piscar de olhos. O que ficou não foi a luta dos caprichos, dos desejos sem sentido, do orgulho, da vaidade, da avareza, da ira, porque, o que ficou, realmente, foi um conjunto de memórias, de episódios felizes que, passado o momento, é recordado. A vida é assim: bela. E por isso a pinto.
E vos deixo com as palavras de Victor Hugo que escreveu um dia:
“A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo.”

domingo, 4 de março de 2012

Imagens



“A imagem é uma coisa e um ser humano é outra…é muito complicado viver de acordo com uma imagem.”
Elvis Presley


Há imagens que nos perseguem; que nos afetam; que nos angustiam; que nos apaixonam. Pela proximidade, ou pela impossibilidade. Há coisas impossíveis de concretizar, no entanto, podemos sonhar, imaginando episódios de acordo com os desejos. Por isso lemos romances e incorporamos as personagens; gostamos de cinema porque integramos a ação; olhamos para fotografias dos outros, de outros tempos e, também, adoraríamos viver esses momentos idílicos como se fôssemos os fotografados. "Vivemos" dentro das imagens. "Somos" as imagens, ou não fosse o conceito de realidade muito amplo...

 “Laços de Ternura” é o nome da pintura em tela de 2012 que ilustra esta semana o meu blog. É mais uma imagem que criei dentro da temática, que agora desenvolvo, sobre afetos. A arte, como a vejo, é um campo de abordagens, onde a especulação de cada um é um contributo para que a obra seja pungente, direta e abrangente, em que muitos se incorporam e se identificam...com as imagens.


E vos deixo com a música de Elvis " Its now or never" que destruiu muitos corações pela… imagem