sábado, 22 de fevereiro de 2014

Fogo- fátuo

 
 
 

 
 
 
João Alfaro
 
“Jéssica”, 2014
Pintura sobre tela, 80X80 cm
 
 
Confesso que detesto esperar. O tempo para mim é um valor incomensurável, porque ele não se repete, nem volta para trás. Eu, com o passar dos anos e com mais consciência de que os dias devem ser aproveitados ao máximo, para a realização das tarefas julgadas necessárias e oportunas, sem dar ao vento as horas do destino, procuro que cada instante seja valorizado e, por isso, não me dou bem com quem me faz esperar ou não cumpre com o prometido horário pré-estabelecido. Há tanto onde consumir o escasso tempo, sem o perder na insignificância da espera, que me basto: com os meus livros, a minha música, a pintura, os amigos certos e a minha esperança.
 
 
 
“Jéssica” é uma pintura de um tempo. De alguém que tem a beleza e o encanto da juventude, mas que vai ficando diferente a cada segundo, como todos os demais; no entanto, porque os caminhos da presunção são o que são, se deseja que a caminhada seja longa na procura e no encontro. Agora, fixada a imagem de um momento, há toda uma história para contar, que os dizeres irão enriquecer com as verdades e a fantasia. Amanhã outro trabalho me aguarda, para ilustrar o que os dias me deixam relatar, e espero não desperdiçar cada instante vivido, porque julgo ter tanto ainda por contar picturalmente, mesmo que sejam apenas ilusórios devaneios cromáticos.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Guimarães Rosa:
 
 
 "Esperar é reconhecer-se incompleto."
 
 
 
 
 


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Mais do mesmo

 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Aria”, 2014
Pintura sobre tela de 80 X 80 cm
 
 
 
 
Não sei se é este pensamento imbuído do espírito do “Velho do Restelo”,que me deixa nesta angústia de ver mais do mesmo. Apesar de tantos esforços e de tanta retórica quase nada mudou: ele é o futebol; ele é a música ora de estridentes sonoridades, ora de lamechas sem fim; ele é a libertinagem; ele é o presente desencontrado. Neste cantinho é o que eu observo. Agora. Sem vivalma não é preciso construir mais espaços públicos; nem passeios; nem jardins; nem cicloturismos; nem piscinas; nem pavilhões; nem bibliotecas; nem mais nada. É preciso sim edificar imaginários. Reclamar sempre e exigir. Protestar. Vociferar nem que seja por dá cá aquela palha, porque, por onde vou, só vejo o vazio dos espaços, o desleixo no betão, nas estradas, nas ruelas, na linguagem. Importante mesmo é que há futebol amanhã e depois, “música pimba” para os mais velhos, e, rock com fartura para a juventude. Como estou feliz. O meu médico (otorrino) também.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Henri Lacordaire:
 
“O desânimo é a morte da virilidade.”


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Último Olhar




 
 
 

Momentos da exposição de pintura e escultura “Nu Eterno” no Artspace João Carvalho.

 
 
 
 
 
Depois do trabalho realizado, no ateliê, chega (chegou, neste caso) o momento de mostrar, publicamente, o que foi feito. Olhar,  in loco, é muito diferente da visão distante das imagens que a fotografia ou um outro qualquer meio visual reprodutivo dá. Com a pintura há um universo de visualizações, que, só a presença física perante a obra pictórica ilustra cabalmente a dimensão estética e o perfecionismo ou não do autor, e, também, a relevância da proximidade com a obra é um dado insofismável.
 
Depois chega o momento em que tudo acaba e o que conta é a etapa seguinte. A vontade de fazer mais, conceber outros projetos e idealizar novos caminhos é a razão principal para continuar. Com altos e baixos se faz o trajeto. Umas vezes o esperado é conseguido, outras, naturalmente, ficam longe os objetivos pretendidos. Seguir em frente sempre foi o meu lema, afinal, a incerteza é a única constante, neste ondular em que acreditar é a única esperança. Brevemente numa outra galeria com outras obras. Como sempre acreditando.



 
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Jean de La Fontaine que disse um dia:
 
 
 
“E cada um acredita, facilmente, no que teme e no que deseja.”
 
 
 
 
 


sábado, 1 de fevereiro de 2014

Está a acabar.



 
 
 
 
 
 
 
 
Tanta ansiedade; tanto desejo; tanta expectativa; tanto de tanto e está a acabar: a exposição de pintura e escultura “Nu Eterno” no Artspace João Carvalho, na Gouxaria, depois de três meses em exibição. As imagens falam por si sobre o que foi este trabalho conjunto, das minhas pinturas e das esculturas do João Carvalho. Muita gente; um outro conceito expositivo, onde diferentes artes se misturam, na procura de bem receber e acalentar novos públicos, no propósito de fazer da arte um bem ao alcance de todos.
 
 
E já começo a conceber outra amostra, para que em Maio exponha, em Santarém, mais um parecer sobre a condição humana, neste meu modo de olhar os outros através da pintura, que é a essência do meu dizer. Confesso que é sempre muito estimulante ter um projeto de vida que seja catalisador dos anseios e fantasias, pois, sem eles tudo parece mais cinzento, e, nada melhor que colorir os dias e os sonhos com cores harmoniosas, mesmo que muito seja apenas ilusão do querer.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Nelson Mandela que disse, numa carta a Makhava Ntini em 2009:
 
“Qualquer pessoa pode elevar-se acima das suas circunstâncias e alcançar sucesso, caso se dedique e tenha entusiasmo pelo que faz.”