segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Acabar




Acabar é sempre sinónimo de um fim. De uma conclusão. De qualquer coisa que chegou ao seu termo. Acabar é finalizar um percurso, uma actividade, um acontecimento, um momento, um destino. E há dois lados a analisar: um é o princípio elementar de que o que começa tem de acabar. O outro é o significado desse termo. Para uns é um final feliz. Se é só para uns significa que há sempre alguém que não fica feliz com o fim de qualquer coisa. Acabar é, grosso modo, o desfecho final de tudo que forma a nossa vida. Com alegrias. E tragédias também.


Esta tela de 81x100cm predominantemente com cores frias, onde os azuis e verdes dominam a composição, tem na horizontalidade a expressão maior em termos formais.”Espelho de água” (nome deste trabalho pictórico) faz parte da série, onde a representação da natureza se mistura com a figura humana, numa procura simbiótica de harmonia e beleza. História da Minha Pintura.


E termino com as palavras de Maquiavel, in “Histórias Florentinas”:

“O que tem começo, tem fim.”

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Começar




Começar é, em muitos casos, uma incógnita sobre o que virá depois. Por muito que se calcule; por muitas conjecturas; por muitos exames prévios; por muitas previsões e estudos; por muito que se faça para imaginar o futuro – ele – é, eternamente, uma incerteza. Há sempre imponderáveis a surgir no percurso de uma obra, de uma vida, de um caminho por mais simples que ele seja. Felizmente que é assim, embora gostássemos de saber antecipadamente. A incógnita, a dúvida, a incerteza, o mistério acabam por ser, afinal, o fruto desejado, porque verdadeiramente o que nos atrai é o desconhecido e, por essa razão, iniciamos tantos projectos com a incerteza crendo, contudo, que chegaremos lá, só porque começamos..

É sempre assim que começo a pintar. Gosto de escolher uma cor para a base da pintura; dividir o espaço em quadrículas para que as proporções e a utilização da régua e do esquadro funcionem melhor; desenho com formas simples apenas para colocar os elementos na composição. Depois é que começa o nascimento das cores. E a incerteza também. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Jean Paul Sartre:
“Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.”

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Quando vier a Primavera




Quando vier a Primavera

“Quando vier a Primavera
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim…”

Excerto do poema de Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos
Heterónimo de Fernando Pessoa


As cidades cresceram gerando betão e alcatrão em todo o lado e sufocando com tanto carro, gente e barulho a vida das pessoas. E surgiram como um oásis -no meio de tanta construção - os jardins, também eles um modo controlado de gerir a natureza. Nos dias de hoje tudo é planeado: plantas, árvores, formas e cores. E é pelo desejo de fugir de tanto bulício que se vai ao jardim. As crianças brincam, os adolescentes criam os espaços romanceados e, os outros, encontram o silêncio e o ar puro( possível) que procuram. É pois, nesta atmosfera mista de natural e artificial que, na ilusória vivência, se convive com a natureza nas cidades. Aos domingos. E só aos domingos…

Esta pintura “Jardim Encantado”, em tela, de 73x92 cm, é um retrato de um espaço inventado onde a natureza humana se mistura com a beleza das flores numa procura e numa comunhão de formas e cores. É assim este meu modo de olhar o mundo e procurar o encanto e a formosura fugindo ilusoriamente de tanto betão, tanta injustiça e tanto desencanto. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Jean Jacques Rousseau:

“A natureza nunca nos engana; somos nós sempre que nos enganamos.”

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Os dois horizontes




“Dois horizontes fecham nossa vida:
Um horizonte, - a saudade
Do que não há de voltar,
Outro horizonte, - a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, - sempre escuro, -
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro…”


De Machado de Assis, in “Crisálidas”


Arte é fingimento; é ilusão; é fuga; é invenção. História da Minha Pintura.


E vos deixo com as palavras de Paul Valéry in “Tal Qual”:

"espaço é um corpo imaginário, como o tempo é um movimento fictício."