quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

2011






O ano está a acabar. Como sempre houve de tudo em todo o lado: guerra e paz; alegria e tristeza; esperança e desalento; verdade e mentira. É esta a História da Humanidade. Por cá o desânimo e a angústia são presença constante. Portugal é o que os portugueses querem. 2012 logo se verá. Saúde e bem-estar é o que todos desejam. E todos os anos uns partem, enquanto outros nascem, na roda da vida que é este andar em busca da felicidade que é, eternamente, ilusória. E de ilusão em ilusão construímos sonhos que procuramos edificar. Alguns tornam-se realidade mas, muitos outros apenas são meras divagações neste deambular. E viva 2012.

 O que fiz no ano de 2011, sobretudo, foi pintar, que é a minha grande paixão e o meu projeto de vida. Rodeado daquilo que gosto e procurando tirar o máximo partido do que me é oferecido, todos os dias, tento alcançar os prazeres maiores pintando o que me vai na alma. Vinte e cinco telas foi o que consegui fazer em 2011 entre acidentes e incidentes que a vida comporta. Para o ano, que agora vai começar, espero fazer outro tanto nesta caminhada que é dar sentido e valorizar a vida. A ver vamos.

E vos deixo com as palavras de Victor Hugo que escreveu:


“O homem é uma prisão em que a alma permanece livre.”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal é quando um homem quiser


“…Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher…”


Fragmento de “Quando Um Homem Quiser” um poema de Ary dos Santos.

Estive a limpar, a envernizar e a catalogar algumas obras. Já não me lembrava de trabalhos feitos nos anos 90. O tempo passa e a memória das coisas também. Foi como se tivesse feito uma viagem ao passado olhando para aquelas pinturas. Cada uma delas resultou de um determinado contexto. Hoje vivo outra realidade e os interesses imediatos são, obviamente, bem diferentes. O que na época era importante pintar e, com isso, comunicar plasticamente uma ideia, não faz sentido hoje para mim. E tudo porque vejo o mundo de um outro modo. E hoje é Natal. E todos os anos é a mesma coisa nesta época: prendas, telefonemas, visitas, passeios, bolos, luzes, música, jantares em família e espírito de cordialidade comunitário. E, no entanto, tudo mudou nos meus interesses, objectivos e sonhos. Sou outro, sendo eu o mesmo. Até no Natal.

Esta imagem é o retrato dos desejos expressivos e que acabam por relatar quem é quem. A arte é o espelho da alma que mostra o que há de mais verdadeiro. Por isso pinto. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Florbela Espanca:

“A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.”

domingo, 18 de dezembro de 2011

Prendas de Natal


Todos os anos o mesmo ritual: prendas de Natal. Todos (os que podem) pelas mais variadas razões, na quadra festiva, fazem questão de ofertar alguma coisa a este mundo e o outro. É um bom negócio para os que vendem, todavia, a simbologia tem um alcance único. Aqueles de quem gostamos, porque estão nos nossos corações, têm, certamente, uma prenda. Quando isso não acontece, é mesmo trágico sentimentalmente...

Objetos que fizeram as delícias de várias gerações são hoje peças de museu, de interesse apenas histórico e não um meio de deliciar, cativar e valorizar os saberes através do manuseamento e do desejo de descobrir e inventar fantasias. Com as novas tecnologias os gostos e os modos são agora diferentes. Agora há outros sistemas de captar e atrair os mais jovens e os graúdos donde, muitas das prendas de Natal são, atualmente, bem diferentes do que foram num passado recente. Se tudo muda, obviamente, também as prendas de Natal.

 
Esta pequena aguarela retrata a temática do brinquedo e o prazer que isso gerava. Um pintor é um cidadão do mundo que através das imagens conta o seu tempo e as suas recordações. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Victor Hugo que disse um dia:

“Os tempos primitivos são líricos, os tempos antigos são épicos, os tempos modernos são dramáticos.”

domingo, 11 de dezembro de 2011

Ontem, hoje e amanhã


O passado é um olhar selecionado sobre o que aconteceu; o presente é uma esperança; o futuro é a eterna incógnita do desconhecido. Três períodos que correspondem a diferente estados de alma. Os objetivos mudam de acordo com o que sucede. Grandes desejos podem descambar em infelizes desfechos; um mero episódio é capaz de conduzir a destinos impensáveis. Tudo é um roteiro de incertezas que rolam segundo um princípio comum: a natureza humana e a imprevisibilidade. É esta a nossa sina.

Esta pintura é um retrato de um espaço e de uma atitude num tempo que tem os seus comportamentos e valores. É hoje assim. Ontem foi diferente e amanhã também, no entanto, o tempo nunca muda a natureza humana, mesmo que as perspetivas sejam temporais. O que é sempre igual está nas emoções. Umas mais expressivas; outras mais surdas; outras ainda mais agrestes, todavia, há uma diferença entre o sensível e a indiferença. Quando estamos perante iguais cenários sensoriais somos todos iguais... ou quase, porque há, também, a loucura dos homens.

“Ontem, hoje e amanhã” é uma pintura em tela de 80X100 com de 2011. Cenário idílico com cores frias procuram ilustrar este meu olhar sobre a condição humana.

E vos deixo com as palavras de Maricá in “Máximas”

“O homem mais sensível é necessariamente o menos livre e independente.”

domingo, 4 de dezembro de 2011

Desconfiança










“Eu corro atrás da memória
De certas coisas passadas
Como de um conto de fadas,
De uma velha, velha história...

Tão longe do que hoje sou
Que nem sei se quem recorda
Foi aquele que as passou,
Ou se apenas as sonhou
E agora, súbito, acorda.”


"Dúvida", Poema de Francisco Bugalho, in "Canções de Entre Céu e Terra"


Hoje há um clima geral de desconfiança. De muitas dúvidas. De medo. O dia de amanhã é uma incerteza completa. Muitos acusam este e aquele num rosário de queixumes. A roda da vida continua. E o mundo muda, para desgosto de multidões. Sempre assim foi. Porque seria agora diferente?

Estas pinturas feitas nos anos 90 procuram ilustrar este nosso modo de sentir e questionar as muitas interrogações que fazem parte do percurso vivencial. Cores fortes e contrastantes, contornando as formas definidoras de espaços, buscam a ilustração das muitas dúvidas que é este andar por aqui em busca do Santo Graal.

E vos deixo com as palavras de Oscar Wilde que disse:


"As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros."