quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Natal é quando um homem quiser


“…Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher…”


Fragmento de “Quando Um Homem Quiser” um poema de Ary dos Santos.

Estive a limpar, a envernizar e a catalogar algumas obras. Já não me lembrava de trabalhos feitos nos anos 90. O tempo passa e a memória das coisas também. Foi como se tivesse feito uma viagem ao passado olhando para aquelas pinturas. Cada uma delas resultou de um determinado contexto. Hoje vivo outra realidade e os interesses imediatos são, obviamente, bem diferentes. O que na época era importante pintar e, com isso, comunicar plasticamente uma ideia, não faz sentido hoje para mim. E tudo porque vejo o mundo de um outro modo. E hoje é Natal. E todos os anos é a mesma coisa nesta época: prendas, telefonemas, visitas, passeios, bolos, luzes, música, jantares em família e espírito de cordialidade comunitário. E, no entanto, tudo mudou nos meus interesses, objectivos e sonhos. Sou outro, sendo eu o mesmo. Até no Natal.

Esta imagem é o retrato dos desejos expressivos e que acabam por relatar quem é quem. A arte é o espelho da alma que mostra o que há de mais verdadeiro. Por isso pinto. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Florbela Espanca:

“A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.”

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