Desenhos a pastel de óleo sobre papel
Adoro o que faço. As horas passam
depressa demais e num ápice o dia acaba, e fico sempre ansioso por começar logo
bem cedo. É esta a minha rotina. Tenho tanto para fazer que nunca me chegam as
muitas horas que passo entregue ao meu mundo de fantasia. Sou daqueles artistas
que só se sentem bem trabalhando e, só não faço mais porque pesam sobre mim
outros compromissos, que me obrigam a estar fora do meu antro. Procuro cultivar
a amizade junto de artistas e de amigos de longa data, para conseguir o
equilíbrio emocional, quando nem tudo corre como gostaríamos. Há deuses comigo,
mas ainda é cedo para me deixar vencer, porque tenho a pintura que é milagreira
e me dá alento todos os dias, mesmo que haja furiosos construtores do universo
pouco simpáticos com a minha pessoa.
Agora ando fascinado com o
desenho, porque há tanto para descobrir em cada trabalho. Sem dúvida que tentar
captar a singularidade de cada um - quando retrato alguém - com materiais simples
como é uma folha de papel, lápis de cor e algumas tintas é, simplesmente,
fascinante. Ver nascer as formas idealizadas e elas próprias terem autonomia e
interligarem com diferentes emoções é gratificante. Por gostar tanto de ir
descobrindo as potencialidades dos materiais e as várias técnicas, o tempo se escoa rapidamente e fica sempre, todos os dias, o
desejo de fazer mais e mais, nesta caminhada onde o importante é o momento da
criação, porque é apenas aí que reside o fundamental: o desejo prazeroso.
E vos deixo com as palavras do poeta
e filósofo francês Gaston Barchelard,
que um dia disse:
“O homem é a criação do desejo e
não a criação da necessidade.”