sábado, 24 de maio de 2014

Objetivo




 
 
 

 

João Alfaro

 

“Beijo”, 2014

 

Pintura sobre tela, 80X80 cm

 

 

 

 

Quando pinto o que quero é ilustrar um tempo e um modo: o meu, obviamente. O modo como vejo o que me cerca, mas apenas e só, determinados valores no relacionamento com os outros. Procuro enfatizar o sublime dos momentos que encantam a intimidade de cada um. Não é meu propósito entrar pelo lado ideológico da vida e mostrar o desencanto social com as desigualdades de um mundo injusto, onde uns são o que são e todos os outros nada valem. Porque sempre vivi num espaço muito confiscado, embora seja viajado, gosto, sobretudo, da proximidade dos viveres, e não tenho em mim a sabedoria do fazer pelo melhor dos outros, embora esteja atento e pontualmente crítico, mas confessadamente desapontado. Porque entendo que a vida passa também pelo lado mais aconchegado, que encerra em si o prazenteiro dos sentidos, a minha pintura é um olhar dos que me envolvem e comigo comungam, longe portanto das dialéticas dos caminhos, apenas e só pela harmonia dos encantos estéticos.


 

 

 

 

E vos deixo com as palavras de Lao-Tsé, que disse um dia:

 

 

 

"Se estiveres no caminho certo, avança; se estiveres no errado, recua."

 

domingo, 18 de maio de 2014

Novo Ciclo

 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Bilhete”, 2014
Pintura sobre tela, 80X70 cm
 
 
 
 
 
 
Os dias não param. Fogem. E de tanto se sucederem, uns após outros, desejos e ambições mudam. O realismo prevalece, inevitavelmente, sobre a fantasia dos desejos, com a mutação dos sentidos. Novos rumos são uma constante; ora deixam de fazer sentido antigas memórias e projetos antigos; ora o conformismo vence o destino que outrora foi delineado e rumos novos nascem. Caminhadas. Ciclos de vida, pois claro.
 
 
 
A cada novo ciclo há a consciência que muito fica diferente, pois não se pode ir contra a natureza do horário biológico. Resta acreditar que cada etapa tem os encantos possíveis, na procura do crer e da determinação de fazer mais, porque o mistério da descoberta é um encantamento que persegue quem quer ir por aí buscando novas, ou não fosse a arte dos prazeres (que engloba tudo) a razão maior para tanto edificar. Entre dúvidas e certezas, aprendi que o melhor mesmo é nunca desistir, porque cada novo ciclo, neste meu percurso pictórico, traz sempre a esperança de ir mais além.
 
 
 
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Marcel Proust:
 
 
 
"A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos."


terça-feira, 13 de maio de 2014

É já ali.

 
 
 
 
 
 
 
 
 

Caminhar é preciso. Para onde não sei. É por aí, e é já ali, mesmo que seja muito longe, no tempo e no espaço, nesta ou numa outra dimensão, mas é já ali. Ali, ao virar da esquina do sonho. Ponto.

 

 

 

De convicções se faz este meu andar na procura da afirmação pictórica, que tem regras e caminhos que se desencontram tantas vezes. Entre verdades e enganos acontece o que acontece, que vale o que vale. E o caminho não tem fim. Felizmente. Ou não fosse o querer a força maior do caminhar, entre as luzes e as muitas noites de escuridão.

 

 

 

Até ao próximo sábado, nas rotas do destino, em Santarém “Elixir dos Amores”, no Centro Cultural Regional.

 

 

E vos deixo com as palavras de Khalil Gibran que disse um dia:

 





 

"Não se pode chegar à alvorada a não ser pelo caminho da noite."


 





 

 
 

sábado, 3 de maio de 2014

Exposição "Elixir dos Amores"

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

De 3 a 17 de maio, em Santarém, no Fórum Ator Mário Viegas, junto ao Largo Padre Francisco Nunes da Silva, de segunda a sexta-feira das 16 às 18:30 horas e sábados das 10:00 às 12:30 horas

 
 
 
 
 
 
 

“Elixir dos Amores” é uma exposição de pintura que, como todas as que faço, procura ser um olhar sobre a sensibilidade de cada um dos retratados, no estar com os outros. Ilustrar um tempo sem tempo, onde os modos de ser e estar são sempre iguais, por muitas voltas que o mundo dê, é o meu propósito. Porque há um espaço interior dentro de cada um que continua sempre igual, mesmo que tudo mude no edificado; porque a natureza humana tem os seus desejos íntimos, que são o que são, eternamente constantes hoje e amanhã; porque assim é, pinto como pinto e o que pinto. E mais quero pintar.

 
 
 

Desta feita, em Santarém, este conjunto de obras realizadas entre 2011 e 2014 prossegue na senda dos que me são próximos, ou que conviveram comigo e que se disponibilizaram para se incorporarem no meu processo criativo. Gosto particularmente de fazer retratos, sobretudo, pela singularidade formal de cada um, que, por si só, é aliciante traduzir com os meios pictóricos uma representação que ultrapassa o lado visual e, se incorpora nos meandros da especulação dos juízos de valor e dos modos de estar.

 
 
 

A pintura só faz sentido quando é comungada, e, é para isso que servem as exposições, embora hoje graças às novas tecnologias se possa partilhar muito do que se faz e chegar a tantos, de tão longe. A presença física perante as obras tem sempre um impacto diferente e dá a real dimensão estética e emblemática que elas encerram em si. Apareçam.

 

 

E vos deixo com as palavras de Émile Zola, in “Os Meus Ódios”:

 

"Uma obra de arte é um canto da criação visto através de um temperamento."