domingo, 31 de março de 2013

Semana Pascal

   
 
 
 
 
 
 
 
 
“Deusa do Sono”, 2013
Pintura sobre tela de 81x100 cm
 
 
Nesta semana em que o tema dominante é, deveria de ser (para os católicos) a morte e ressurreição de Cristo, é, para muitos deles, andar por sítios diferentes a fazer outras coisas, longe das igrejas, dos cemitérios e das procissões…. Quem meteu férias procurou destinos mais solarengos, que este nosso clima é, este ano, chuvoso e húmido até dizer chega. Eu, nesta quadra, por acaso, vi um filme na TV que mudou a minha semana: passei os dias ouvindo Beethoven e meditando em algumas questões dúbias do catolicismo. A morte sempre esteve muito presente em mim. Vi morrer muita gente. Quanto à ressurreição não sou de acreditar mas, que há defuntos que reaparecem, isso é verdade. E não se falou senão de um deles: do “estudante” de Paris.
 
Esta semana pintei, na minha torre de Babel, mais uma tela onde, na busca pelo belo e tendo como dominante o nu feminino, concebi “Deusa do Sono”, procurando revelar a mulher e os seus encantos, num eterno jogo entre o meu olhar e a postura da modelo que transmite a serenidade e os seus mistérios.
 
Boa Páscoa.
 
E vos deixo com a sonata “Für Elise “ de Beethoven.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


domingo, 24 de março de 2013

Confissões




 
 
 
 
“Sono Profundo”, 2013
Pintura sobre tela
 
 
Tenho uns amigos que escrevem maravilhosamente. Eles contam tudo. Questões privadas. Privadíssimas até. Eu leio sempre deliciado cada artigo nos seus respetivos blogs. São o meu alimento diário na leitura matinal. Os jornais já foram. Agora, neste constante tempo de mudança, a voz é não só do jornalista, mas também dos outros. Eu que desesperava, ler, em adolescente, o que os ardinas traziam, agora, esse estado de espírito morreu de vez. Os jornais dizem quase nada. Quando dizem. Tudo está diferente. O que me interessa não consta nas muitas (poucas) colunas de notícia. É no que escrevem os meus amigos que encontro a procura desejada. Eu bem sei que o que contam são os pequenos episódios diários, reveladores da expressão mais autêntica do sentido vivencial; ou são as inquietações do espírito perante os dilemas da atualidade, numa delícia descritiva de episódios sentidos, consentâneos com a paixoneta deste meu viver, nos dias de hoje. Já não me interessa ouvir o político A ou B. Fiquei farto e desiludido. E os dias passam.
 
 
Cada aurora é mais um que vivo comungando, sobretudo, com uma pessoa cujo amor é o maior do mundo. Um dia ela irá partir. E se eu cá estiver será certamente muito triste esse tempo. Tudo acaba. Até a vida de uma mãe.
 
E vos deixo com palavras, neste tempo Pascal, de Textos Bíblicos:
 
“A vista não se sacia de ver, nem o ouvido se farta de ouvir.”


domingo, 17 de março de 2013

Arte e Religião (I)

 
 
 
 
 
 
 
"Danie", 2013
Pintura sobre tela
 
 
 
 
 
Esta semana não se falou senão no novo Papa. E quase só do mesmo. As notícias são breves e repetitivas até ao próximo evento. Depois um outro acontecimento faz esquecer o passado recente. É, esta, a máquina trituradora da abordagem comunicativa que questiona os problemas nos dias de hoje. Desta feita foi a Igreja o alvo da notícia. Não pela sua ação no terreno mas, só, pela sucessão de uma cadeira de poder.
 
 
A igreja, entre os muitos caminhos trilhados no fundamentalismo inquisitorial ou no catolicismo divulgador dos ensinamentos da fé e da cultura, promoveu essencialmente na arte a escrita, a música, o canto, a arquitetura, a pintura, a escultura e as artes decorativas, como meio de espalhar os ensinamentos doutrinários, tendo hoje todo um passado que está aberto ao mundo para contemplação nos muitos edifícios que fazem parte do seu património. A arte ocidental não seria a mesma sem a orientação eclesiástica que se conhece. E, porque vivi sempre neste espaço judaico-cristão, o que faço, o que pinto é, somente, a continuação dos grandes mestres ocidentais. Noutra escala. Obviamente.
 
 
E vos deixo com as palavras de George Hegel, in “Lições de Estética”:
 
“O mais alto objetivo da Arte é o que é comum à Religião e à Filosofia. Tal como estas, é um modo de expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito.”
 


domingo, 10 de março de 2013

Pensamentos Longínquos

 
 
 
 
 
 
 
“Pensamentos Longínquos”, 2013
Pintura sobre tela
 
Só nos zangamos com aqueles que nos são mais próximos. Os outros (que podemos não gostar mesmo nada) são apenas desaconchegos do espírito por razões culturais, religiosas, políticas ou, até, por pura inveja ou ignorância; mas quando ficamos feridos com os que conhecemos tudo tem outra tonalidade e, o desenlace tem o fim do costume, ou acaba mesmo mal. Tudo termina, mas no hiato da incerteza, as dores da discórdia são o alimento das angústias e da tristeza, que percorre um instante ou uma vida inteira. E acontece tanto. Por dá cá aquela palha. Também.
 
 
“Pensamentos Longínquos” é apenas um retrato. O resto é especulação ou não fosse a arte um labiríntico discurso inventivo.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Benjamin Franklin que disse um dia:
 
“A discórdia almoça com a abundância, janta com a pobreza, ceia com a miséria, e dorme com a morte.”
 



domingo, 3 de março de 2013

Voltas Trocadas





 
 
"Pensares", estudo prévio.
 
Pintura sobre tela, 2013
 
 
 
 

Primeiro faltou a luz e deixei de pintar; depois o carro avariou e perdi outro dia; e mais outro; e para completar, o ramalhete, uma desgraça temporal me levou o restante. Foi este o filme da semana. As minhas voltas foram bem diferentes. Tudo o que tinha planeado mudou. Entre o programado e o conseguido ficou apenas a intenção. Amanhã será diferente. Espero. Talvez trabalhe com o sossego e a tranquilidade que necessito, embora lá fora se façam ouvir vozes de protesto, neste intranquilo viver, onde as incertezas são mais que muitas, em que cada dia é uma incógnita, num futuro sem cor nem luz.

 

 

 

A incerteza dos dias é a inquietação permanente do viver, curiosamente é, também, a variável que faz a diferença entre a realidade e a fantasia do desejo. Sem a incógnita constante do instante seguinte, tudo seria bem diferente sentimentalmente, para pior estou em crer, porque as surpresas (boas) são o que esperamos a cada momento, quando um homem se põe a sonhar.

 

 

 

E vos deixo com as palavras extraídas de Textos Bíblicos:

 

“Não te felicites pelo dia de amanhã, pois não sabes o que o hoje vai gerar.”