domingo, 29 de junho de 2014

Fogo-fátuo II

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Por onde passamos ficam registos, mesmo que aparentemente sejam insignificantes (aos outros) e se percam num tempo breve, podem, no entanto, perdurar nas nossas memórias ao longo de uma vida.
 
 
Assim como as pegadas deixadas na praia se vão com o vento ou se diluem na imensidão dos caminhantes que as transformam, quase tudo tem o mesmo destino, pois é breve e esquecida a significância do que fazemos, dado que há um tempo próprio para a valorização dos nossos atos, que é quase sempre o momento vivido, pois o resto é nada. Simplesmente nada. Ou quase.
 
 
 
E vos deixo com as palavras de William Shakespeare:
 
"A brevidade é a alma do engenho."


sábado, 7 de junho de 2014

Olhos nos olhos

 
 
 





 

João Alfaro

“Olhos nos olhos”, 2014

Pintura sobre tela, 60x100cm

 

 

 

 

Dias há que nada sei dizer, porque me apetece apenas saborear o silêncio, que é muito de mim. Que posso acrescentar a uma pintura, onde o pensamento do outro se esconde atrás da muralha privada que habita em cada um de nós? Nada. Simplesmente nada. E, porque nada consigo dizer, tanto há para acrescentar do não dito. Acontece muito. Nada se diz dizendo tanto. De tanto silêncio a inquietude cresce, perante a dúvida do desconhecido, todavia, que interessa saber? O melhor mesmo, tantas vezes, é ignorar, embora o saber seja fundamental, para dar razão ao sentido da orientação. De vazio em vazio se fazem os dias, ora com mantos de esperança ou de certezas. Com os olhos bem abertos ou, pelo contrário, não querendo ver o óbvio, pela razão simples que a fantasia é parte real do saber viver. E lá vamos cantando e rindo. Pois claro.

 

 

 

 

 

E vos deixo com as palavras de Alexandre Dumas que disse um dia:

 

"Quis Deus que a única coisa que não se possa disfarçar seja o olhar do homem."

 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A verdade nua e crua

 
 
 
 
 
 

João Alfaro
“Oneira”, 2014
Pintura sobre tela, 80x100cm
 
 
 
 
A arte é um espaço de verdade e mentira. De muito trabalho e preguiça sem fim. De genialidade e de oportunismo. De fama e de obscurantismo. De mundos opostos onde a verdade nua e crua só chega, quando chega, num tempo desfasado dos principais intervenientes; mas é bom sublinhar – sobretudo - que a Grande Arte é pertença de todos, e não apenas um produto de alguns, para os amigos do costume.
 
 
“Oneida” é a continuação da saga que me traz aqui, na procura dos caminhos da arte, que é, para mim, um modo encantador de saber estar, onde a pesquisa e a incerteza estão sempre presentes. Com esta narrativa plástica procuro, através da pintura, chegar mais longe aos outros, ilustrando o que gosto de comungar, para que faça algum sentido esta dedicação e esta entrega, apesar do silêncio e da ânsia constante que é a vida de um pintor.
 
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Fernando Pessoa, in “Livro do Desassossego”:
 
 
"Todo o esforço é um crime, porque todo o gesto é um sonho morto."