terça-feira, 26 de maio de 2015

O futuro já foi ontem

 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Catarina, A Grande”, 2015 (em construção)
Pintura sobre tela de 100x100 cm
 
 
No interminável procurar, o caminho se faz, umas vezes com as certezas do costume e, quase sempre, com dúvidas constantes. Com avanços (quando os há) e intermináveis desencontros vou percorrendo a via que me dá alento, encanto e vontade férrea de prosseguir na fantasia de criar obras, que sejam apelativas e contribuam para os valores maiores, essência desde caldo cultural europeu, onde tenho prazer em viver. Felizmente. Gosto do modo de vida, onde há de tudo e liberdade quanto baste. Tenho orgulho no passado deste povo e espero que o amanhã seja o continuar na senda certa, longe das utopias devastadoras e da amálgama demagógica de uns quantos, que querem comparar o que não é comparável, nem igualar o que é bem diferente. O futuro, esse, já foi ontem.
 
“Catarina, A Grande” é um simples retrato de uma criança que, como todas as crianças se espera, na idade adulta, grandiosidade nas atitudes para a valorização continuada da civilização que nos trouxe até aqui.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Sigmund Freud que disse um dia:
 
 
 
“ A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana. “


terça-feira, 19 de maio de 2015

Local de trabalho

 
 
 
 
 
 

 
 
 
 

No cirandar da procura, hoje quero ir por um caminho, amanhã talvez… por outro. Sou assim. Sempre serei. Tenho tantos projetos pictóricos que ficam pela rama, encostados nos perdidos recantos, onde as telas se entrecruzam e revelam as muitas vias do querer contar plasticamente como é trabalhar, e nada mais importa, mesmo que o silêncio seja permanente.
 
 
 
O aconchego do espaço, com a música e o sublime vazio do estar fazem milagres, na conjugação do fazer mais hoje que ontem. É o costume, com a rotina da sucessão dos dias e dos sonhares, também, ou não fosse tudo uma esperança de dias melhores. Até na arte.

 
 Hoje recordo as palavras de um pintor por quem tenho um apreço enorme, tendo até (para ver as suas obras), feito duas viagens (uma de comboio e outra de avião), ou não fosse o acreditar na significância dos valores maiores da arte, razão, para este meu interesse e apego, levando-me a ir a exposições distantes, com os inconvenientes do costume... Edward Hooper, pintor americano do início do século XX que, contra a corrente temática dominante no seu tempo, fez uma obra deslumbrante sobre a inquietação do homem contemporâneo, disse um dia, estas palavras que tanto me comoveram:
 
“A pintura é uma gravação da emoção.”


terça-feira, 12 de maio de 2015

São pétalas senhora



 
 
 
João Alfaro
“Flora”, 2015
Pintura sobre tela de 80 x120 cm
 





Chegou ao fim mais um trabalho, que é, como tudo o que faço nas artes plásticas, carregado de emoção e transparência. Procuro que o prazer seja constante, porque a razão maior é sempre tirar partido do que se faz, e tanto melhor se o gostar seja alento. Nos caminhos entroncados e, quantas vezes, incompreendidos, o melhor mesmo é continuar na senda da crença e da determinação. O resto pouco importa, porque os dias ora são de sol ou de chuva.

 

E vos deixo com as palavras de Fernando Pessoa:

 

“Qualquer caminho leva a toda a parte.

 Qualquer ponto é o centro do infinito.”
 


domingo, 3 de maio de 2015

Mostrar


 

 





 
 
 
 

 
 
 
 
Exposição da Entroncartes, Associação de Artistas
 
 

 

É o tempo do aparecer. Do mostrar. Da verdade ou da hipocrisia. Do estar. De uns e de outros. Confesso que cada mais detesto aparecer, por muito frágil e apagada que seja a luz da ribalta, porque o meu viver é, agora, tão curto que cada instante só merece ter um fim justificável, que seja consentâneo com os interesses das artes plásticas, a razão maior para aparecer aqui ou ali.

 

O que move e desperta interesse, nos dias de hoje, por todo o lado,  é um ou outro evento mobilizador, bem distante daquilo que faço e que tanto me apaixona.  Confesso (aqui me confesso muitas vezes), a pintura é um grandiloquente percurso de estar e viver, tão afastado do que aproxima as multidões, todavia, pouco me importa, embora seja amargurante, depois de tanta entrega e de tanto trabalho, constatar que o resultado final é quase sempre o mesmo: um sentimento de vazio.

 

 

 

E vos deixo com as palavras de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, in “Poemas” que um dia disse:

 

“Vale a Pena Sentir para ao Menos Deixar de Sentir”