segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Dúvidas e certezas

 
 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Márcia”, 2015
Pintura sobre tela de 80x80 cm
 
 
 
 
Será sempre permanente, em mim,  este estado de alma em que as dúvidas e as certezas são uma constante, num jogo contínuo de juízos de valor instáveis. Na procura pela motivação maior, com o desejo expresso de plasticamente construir a singularidade que traduza um tempo e um modo, que se prolongue na especulação das análises e que seja, também, objeto de contemplação e fruição, me arrasto. Agora e sempre. Umas vezes mais crente e sorrindo, outras nem tanto, mas ciente que o caminho, por muito agreste ainda é, e será sempre, o melhor do momento, sem sofismas nem preconceitos, apenas e só com dúvidas, muitas mesmo, e as certezas do momento.
 
 
Agora, mais do que nunca, num tempo onde as ideologias se cruzam num conflito religioso de fundamentalismo e medos sem fim, com os preconceitos e os tabus que fizeram história, e que estão a regressar em muito lado, procuro, enquanto me deixarem, usar a liberdade para mostrar quanto é belo olhar e ver que a beleza é contemplativa, e que realça o melhor que há na valorização da autoestima, de quem sabe tirar partido do estar sem receio das censuras moralistas, que apenas traduzem ignorância e frustração.
 
 
“Márcia” interpreta , a meu ver, um modo de retratar a beleza, respeitando os valores maiores que me conduziram até aqui.
 
 
 
E vos deixo com as palavras que James Joyce disse um dia:
 
“Ninguém presta à sua geração maior serviço do que aquele que, seja pela sua arte, seja pela sua existência, lhe proporciona a dádiva de uma certeza. “
 
 
 


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnaval é

 
 
 
 
 
 
 
 
 

É mentira desejada;
é popularucho sentido;
é fingimento assumido;
é dança estonteante;
é música sem pausa;
é festa sem tabus;
é fantasia hipócrita;
é ser outro, sendo o mesmo;
é carnaval e tudo parece "bem-mal"….
 
 
 
 
Recordo hoje as palavras de Virgílio Ferreira, in “Conta Corrente 5”:
 
“Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se. “


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Deusas do meu encanto














João Alfaro

“Deusa dos Bosques”, 2015

Pintura sobre tela, tríptico de 100x180 cm

 

 
 

Encontro no feminino muito do que gosto de pintar. Há tanto por descobrir na sensibilidade e na beleza da mulher, que a temática pictórica sobre a expressividade da natureza humana é inesgotável, naquilo que há de mais belo e verdadeiro. Por isso não me canso de retratar continuamente, agora que tenho outros processos e modos de intervenção. Cada novo trabalho é mais uma aposta, neste circuito de representação, onde o sentimento é a base e a origem.

 

Por muitas procuras que haja; por muito que queiramos dizer; por muito que gostemos fica sempre tanto para expressar o quanto é aquilo que sentimos. Falta sempre algo mais. Sempre. E, por faltar tanto, a pintura é o caminho sobre o olhar e o silêncio dos diálogos.

 

 

 

E vos deixo hoje com as palavras de Fernando Pessoa que disse um dia, in “Ideias Estéticas da Arte”:

 

 

“Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo isso passa. Só a arte fica, por isso só a arte se vê, porque dura.”

 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Em Construção

 
 
 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Deusa dos Bosques”, 2015
Tríptico de 100x180 cm (em construção)
 
 
 
 
Sempre me impressionou a imensidão e a persistência pela entrega a uma causa, sobretudo, quando o objeto é a fantasia e a imaginação. Hoje lembrei-me dele, do Van Gogh. Morreu relativamente jovem e deixou uma obra imensa. Os seus contemporâneos apenas descobriram muito depois que o seu trabalho, loucamente feito numa relação de paixão doentia, era um deleite estético, que outros vindouros, ainda hoje, se deixam deslumbrar. Foi um dos que me marcou e me orienta na sofreguidão por um desígnio, que é, apenas, um modo de estar.
 
Outros, muitos outros me encantam e me conduzem. De tanto querer representar alguma significância, encontro na pintura a expressão ideal, onde os campos de pesquisa não terminam e o desejo de mais achar preenche tanto de mim. Agora entre vários projetos, os dias passam num ápice, porque há sempre tanto para fazer que nunca me basta o que me reserva o tempo.
 
“Deusa dos Bosques” é um tríptico onde a dominante é a natureza e a beleza humana num eterno jogo de procuras, em que, essencialmente, quero mostrar que gosto de ir por aí, sempre na persistência e no acreditar que vale a pena. E cada vez gosto mais de pintar.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras que um dia Nelson Mandela disse:
 
“Qualquer pessoa pode elevar-se acima das suas circunstâncias e alcançar sucesso, caso se dedique e tenha entusiasmo pelo que faz. “