domingo, 14 de outubro de 2012

Histórias por contar (III)






 
“Intimidade”, 2012
Pintura sobre tela
 
 
 
As normas são o que são. As regras ou a falta delas definem um modo de ser e estar. O que é hoje certo aqui é errado noutro lugar ou noutro tempo. Enfim, é o mundo que andamos a construir. Com radicalismos e variantes. Infinitamente sempre assim.
 
 
A arte é a expressão da vida em todos os momentos, quer eles sejam banais, singulares, privados ou outros. E por retratar aquilo que somos nem sempre é aceite o olhar do artista. O escândalo de hoje é a normalidade do amanhã pela identidade e pela contextualização. O erotismo e a sexualidade ainda ferem as sensibilidades de alguns, em ambientes insuspeitos, ou não fosse a moldura religiosa uma via de conduta. De todos. Ou quase todos.
 
 
E, porque tudo tem uma explicação, quando era aluno nas Belas-Artes lembro-me de confessar que gostava mais de pintar a representação de pessoas vestidas. Para mim, enquanto pintor, o interesse é unicamente estético. As vestes criam um leque variado de formas e cores que exaltam a composição, em contraponto à simplicidade formal do corpo, embora reconheça que o nu tem sido recorrente na arte de todos os tempos. Com tabus e sem eles. Chegou o momento de voltar ao nu artístico. E esta é a primeira tela de uma série que agora vou mostrar pontualmente, neste caos de julgamentos éticos e de valores desencontrados.
 
 
E vos deixo com as palavras de António Lobo Antunes, in Diário de Notícias (2004):
 
 
“É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga.”
 


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