Retratar alguém é descrever características que encontramos nos outros. Elas são tantas e porque são tantas, cada pessoa é vista de modo diferente por cada um de nós. Valorizamos ou não aspectos que consideramos relevantes. Esquecemos ou exaltamos, de acordo com os nossos interesses, e é isso que marca a imperfeição do retrato, porque o retrato é sempre o nosso olhar parcial da realidade, tantas vezes propositadamente imperfeito. Coisas dos homens.
Esta tela retrata um menino que já cresceu e que mudou. Hoje, está tão diferente, já não corresponde ao olhar do pintor. A fixação da imagem é uma paragem no tempo que, como se sabe, nunca pára, como tantas vezes gostaríamos que acontecesse. Procuro captar o que há de mais singular e definidor na personalidade de quem retrato. Aqui o sorriso era uma característica fulcral. O resto é a história do costume. Dois dias para fazer a pintura com as cores e as formas que me definem pictoricamente. História da Minha Pintura.
Recordo hoje as palavras de William Shakespeare:
“Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.”
E vos deixo com a música de Saint-Saens e a mestria ao violino de Vengerov.
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