Regressamos tantas vezes. Fisicamente ou em pensamentos. Regressamos em busca de soluções, de memórias, de desejos. Regressamos. E ao regressar encontramos ou não o que buscamos. Os espaços mudam, as pessoas também e os desejos acompanham toda a mudança, mas regressamos sempre. Intencionalmente ou por mera associação de ideias ou actos. Regressamos para o melhor ou para o pior. É sempre assim quando se regressa.
Esta pintura em tela, datada do início da década, faz parte do período de viagens e contemplações que originaram a série “A Grande Viagem”, que é um passeio por este e outros países em busca da paz e da harmonia estética. Captar o envolvimento e cores foram a minha preocupação. Régua e esquadro com a utilização da perspectiva com dois pontos de fuga fazem a história construtiva deste trabalho. Quanto à luta é sempre igual. Construir e destruir formas e procurar harmonias cromáticas, pintando aqui e ali e depois mudando tudo, até se julgar que é o fim, porque não se consegue fazer melhor, ou porque se gosta mesmo. História da Minha Pintura.
E vos deixo com um excerto da poesia de David Mourão-Ferreira, in “A Secreta Viagem”:
“No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada…
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa…
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos…
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa…”
Esta pintura em tela, datada do início da década, faz parte do período de viagens e contemplações que originaram a série “A Grande Viagem”, que é um passeio por este e outros países em busca da paz e da harmonia estética. Captar o envolvimento e cores foram a minha preocupação. Régua e esquadro com a utilização da perspectiva com dois pontos de fuga fazem a história construtiva deste trabalho. Quanto à luta é sempre igual. Construir e destruir formas e procurar harmonias cromáticas, pintando aqui e ali e depois mudando tudo, até se julgar que é o fim, porque não se consegue fazer melhor, ou porque se gosta mesmo. História da Minha Pintura.
E vos deixo com um excerto da poesia de David Mourão-Ferreira, in “A Secreta Viagem”:
“No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada…
Como podem só dois governar um navio?
Melhor é desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo-nos reais, e de madeira, à proa…
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos…
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa…”
"Nunca voltes ao lugar/onde foste tão feliz..." (Regras da Sensatez, Rui Veloso).
ResponderEliminarÉ por esta e muitas outras que destesto "romagens de saudade", "almoços comemorativos", "convívios de antigos isto e aquilo..." e outros eventos afins.
É evidente que guardo as minhas recordações, gratas ou não, mas recuso-me terminantemente a "regressos ao passado" na intenção de os reviver. O tempo que me resta é para viver o presente e o futuro.
Bela imagem, belo local, o Arrepiado visto de Tancos, com a luz maravilhosa do Tejo que tão bem captaste. Por coincidência, e sem ter visto a tua pintura, fui lá no sábado passado de propósito para tirar umas fotos. Chovia, a lente embaciou --- e já não preciso delas, a tua imagem basta-me.
ResponderEliminarParabéns.