terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O pudor




Acontecem coisas. Coisas que ninguém viu, in loco, e, no entanto, provocam tanta celeuma. Basta uma fotografia para chocar, um simples vídeo ou um comentário. Tudo serve para mover as consciências, mais ou menos…conscientes. E assim assistimos a quem queira tirar partido do escândalo em proveito próprio, ou por desgraça alheia. É a moral do tempo que gera estes actos censórios que só valem pelo presente. E cá andamos entretidos com este ou aquele episódio, de gente, que não merece a atenção que tem e, os outros, vão fazendo as patifarias do costume, só porque acontecem coisas.

Esta aguarela é um retrato do pudor, ou da falta dele, no contexto certo ou errado, de acordo com as consciências. O nu, desde sempre, ocupou um espaço na Arte Ocidental. Umas vezes mais evidente e, outras, por questões religiosas, muito dissimuladas. Coisas da moral e dos bons (maus) costumes. Neste meu trabalho, procurei, representar uma pose que é, hoje, tão banal na figuração artística. Cores quentes num contexto aberto buscam criar uma conflitualidade expositiva. História da Minha Pintura.

E vos deixo com o excerto do poema “A Mulher Nua” de Juan Ramón Jiménez:

“ Humana fonte bela,
repuxo de delícia entre as coisas,
terna, suave água redonda,
mulher nua: um dia,
deixarei de te ver,
e terás de ficar
sem estes assombrados olhos meus,
que completavam tua beleza plena,
com a insaciável plenitude do seu olhar?
…”

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