sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ano Novo






O ano que hoje começa é mais um na esperança ou na resignação. Tenho memória e, porque tenho memória, não me esqueço do que não quero esquecer. Já vi tanto. Já ouvi tanto que não me esqueço. Não posso esquecer. Podem prometer mundos e fundos. Podem dizer e fazer isto e aquilo, mas porque tenho memória, já não acredito. Sei é que os dias continuam indiferentes ao pensar dos homens. Para o ano há mais festas, se festas houver. Agora é tempo de arregaçar as mangas e lutar de novo, para que a resignação dê lugar à esperança.



Este desenho é um dos muitos que em tempos idos fiz um pouco por todo o lado. Sentado enquanto viajava de comboio, ou enquanto esperava numa qualquer sala, ou no café para vencer o tempo das muitas esperas. O método era simples: uma só caneta e de um impulso fazia estas deformadas figuras. Era o gosto pelo artesanato de Barcelos que me inspirava nesta análise crítica da nossa postura. Cada traço nascia sem grandes preocupações sobre proporções ou parecenças. Afinal, o que busco na pintura é prazer e só prazer, apesar do sofrimento que é produzir o mais pequeno trabalho pictórico. História da Minha Pintura.


Recordo hoje as palavras de Jean La Fontaine:

“Pela forma como se trabalha se avalia o artista.”

E porque não resisto começo o ano com a música de Bellini e a voz de Callas em “Norma”.

Bom ano para todos. Se forças tiver, este blog continuará.


1 comentário:

  1. Memória? O que seria a arte sem memória? As melhores e as piores?

    Um bom 2010, de preferência, com as boas.

    JR

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