sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Dança




Não sei dançar. É um dos meus desgostos. E tenho muitos. Muitos. Um deles, é de não saber acertar o passo - o passo da dança. Incapacidade absoluta. Os meus pés tornam-se pesados, os movimentos presos e a liberdade dos gestos não fazem parte de mim.

Vivi rodeado de muita dança. Adoro a dança. Descobri, Rudolf Nureyev, muito jovem ainda e passado mais de trinta anos, não me esqueço, nem me esqueci da elegância e dos seus gestos subtis de dançarino, que fazem parte do meu gosto, pelo saber estar e como estar na dança.
Tango, danças de salão, festivais de dança e bailado fazem parte do meu imaginário de gustação pessoal. Do imaginário. Da realidade, não!

A minha realidade é a de criar obras que falem e expressem a dança, apesar de saber, quão longe fico do sentir de quem vive, no momento, o prazer da dança. É a vida.

2 comentários:

  1. Lembras-te daquele cómico (angolano? moçambicano?) que ainda chegou a gravar uns discos e repetia muito "...cada um é como cada qual e cada qual é como evidentemente..."?
    Pois bem, dançar é uma forma de liberdade. Existem tantas danças como escolas ou estilos de dança. Desde os tempos pré-históricos que o Homem dança. Isto, para não referir os ritos corporais dos ditos irracionais. Dançar é uma forma de expressão também. Quando queremos algo, o nosso corpo, mesmo sem darmos por isso transmite o desejo. Em certos casos até é detectável pelos cinco sentidos. Não penses na dança como algo formal e codificado como um "kata" de arte marcial. A dança pode ser realizada de inúmeras formas. Esquece a música, esquece o ritmo, esquece os passos marcados, esquece a coreografia pré-concebida. Quando vais à piscina nadar, sai do ritmo do "bruços", roda nos eixos que te lembrares. "Desorpila-te" (descontrai-te). Estás a dançar na água. Dançar não tem de ser "Dar espectáculo"... Dançar é movimentar. Livremente. Sem constrangimento. É exprimir. E tu, melhor que muitos, tens uma forma privilegiada de expressão: a pintura. Já pensaste na "dança" dos teus pinceis quando pintas? Nos movimentos que fazes, nas posições que adoptas e, finalmente, naquilo que transmites?
    E ainda dizes que não sabes dançar?

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