Bacon (1909-1992), um dos grandes pintores ingleses do século XX, um dia entrou numa casa, não virada para sul, ou seja, sem luz directa, e ficou, de imediato, magnetizado com o espaço. Ali teve a percepção que aquele seria o seu ateliê. Resultou. Foi lá que trabalhou e trabalhou com afinco deixando uma obra, considerada pela crítica contemporânea, das maiores dada a sua singularidade.
O espaço propriamente dito era de meter medo, de acordo com um vídeo televisivo. Tudo aquilo era imundo. As tintas estavam espalhadas pelo chão, as portas serviam de paletas, os materiais caoticamente dispersos por todo o lado numa penumbra nada propícia ao gostar de usufruir do espaço. Bacon sentia-se bem lá e produziu obra. Resultou.
Mondrian (1872-1944) nasceu na Holanda e mais tarde, o pintor, viveu na América. O seu ateliê é o paradigma da arrumação absoluta. Tudo naquele espaço estava no seu lugar milimetricamente colocado. Outros modos de ser e estar.
O meu ateliê é demasiado bonito. Bonito demais para um ateliê. Aqui tenho um sofá, uma televisão (que só serve para ouvir o canal Mezzo), o computador, uma mesa para escrever e pintar aguarelas, estantes com livros e muitos, muitos quadros. Esquecia-me dos meus brinquedos. Eu sou assim.
Obrigada, João, por partilhar connosco o seu espaço!
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