quinta-feira, 10 de junho de 2010

Portugal






Patriota? Não: só Português
Patriota? Não: só português.
Nasci português como nasci louro e de olhos azuis.
Se nasci para falar, tenho que falar-me.


Alberto Caeiro, in "Fragmentos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Estas pinturas, em tela, de formato irregular feitas no início do século, são um olhar pela paisagem e pelo sentimento. Sentimento de um povo que tem as qualidades e as capacidades que nos orgulham e nos desesperam continuamente. Não somos uma ilha, tendo ilhas; não somos o desencanto, tendo encanto; não somos pequenos, sendo grandes; não somos grandes, sendo pequenos. Somos e não somos.

Procurei com esta série de telas recortadas criar múltiplas leituras dentro da pintura e com a própria configuração da tela. Cores térreas e um formalismo lírico pictorial visam criar impacto visual que, pela diferença, seja mais apelativo, num mundo de tanta imagem. História da Minha Pintura.

Hoje lembrei-me de Eduardo Lourenço um dos pensadores portugueses que mais admiro:
“Os criadores têm a realidade das suas criações. Os críticos aquela que as criações lhes consentem, sejam elas medíocres, excelentes ou geniais. A sua ilusão desenraizável é a de imaginar que são eles quem lhes dá vida, quem as ilumina, quem as julga. O contrário é mais exacto: são elas quem os faz viver, os ilumina ou julga.”

Neste dia, não poderia esquecer Amália que traduz o sentir e a alma deste povo. E vos deixo com “Canção do Mar/Solidão”.



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