sexta-feira, 11 de junho de 2010

Brincar






as meninas
as minhas filhas nadam. a mais nova
leva nos braços bóias pequeninas,
a outra dá um salto e põe à prova
o corpo esguio, as longas pernas finas:

entre risadas como serpentinas,
vai como a formosinha numa trova,
salta a pés juntos, dedos nas narinas,
e emerge ao sol que o seu cabelo escova.

a água tem a pele azul-turquesa
e brilhos e salpicos, e mergulham
feitas pura alegria incandescente.

e ficam, de ternura e de surpresa,
nas toalhas de cor em que se embrulham,
ninfinhas sobre a relva, de repente.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"


Estas pinturas representam cenários onde a criança está presente. Um brinquedo é, por excelência, um objecto que tem no imaginário infantil um lugar próprio e um encanto, que o tempo irá transformar. Enquanto o futuro não chega cabe ao menino ou à menina descobrir o encanto que um simples brinquedo consegue dar. E foi a pensar na magia e no deslumbramento das peças umas mais coloridas que outras; umas maiores e mais sonantes; umas mais belas ou mais rústicas que esta série pictural surgiu. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras de Jean de La Bruyère:

“As crianças não têm passado, nem futuro, e coisa que nunca nos acontece, gozam o presente.”

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