quarta-feira, 23 de junho de 2010

Carrossel





Agora é o tempo das festas populares. Um pouco por todo o país, com muita sardinha, vinho tinto e “música pimba” se festeja. É o Verão a chegar. Os calores da estação fomentam os passeios nocturnos e as festarolas. E chegam os feirantes, já sem a magia de outros tempos, mas ainda cativando os petizes, nem que seja no carrossel. É assim, por enquanto, cá pelo cantinho peninsular, com circo e variedades para todos os gostos, ou não vivêssemos numa feira de enganos.

Estas duas pinturas em madeira recortada ilustram cenários onde o carrossel está presente com a simbologia da selva animal e urbana. As memórias de infância, com a agitação, o bulício e as cores fortes contaminam para sempre quem viveu paredes-meias com a Feira Popular.

Estes trabalhos procuram captar modos de conviver onde está presente a paisagem urbana, o relacionamento social e a festa, aqui com a figuração do carrossel, num cromatismo pálido, talvez, por acção das memórias que o tempo vai transfigurando. História da Minha Pintura.

Recordo hoje as palavras de Artur Schopenhauer, in “Aforismos sobre a Sabedoria da Vida”:

“Em geral, festas e entretenimentos brilhantes e ruidosos trazem sempre no seu interior um vazio ou, melhor dizendo, uma dissonância falsa, mesmo porque contradizem de modo flagrante a miséria e a pobreza da nossa existência, e o contraste realça a verdade.”

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