Morrer é partir. Partir para todo o lado e para lado nenhum. Morrer é sempre o fim de qualquer coisa: do sonho, da esperança, da vontade. E da vida também.
Ontem fui ver o Requiem Op.89 de Antonín Dvorak, dedicado a José Saramago, e interpretado pelo Coral Sinfónico de Portugal. A morte sempre foi inspiradora para os artistas. Da música ao canto, da palavra à figuração, da sombra à representação. E fiz bem, muito bem, em ter assistido a mais uma alusão aos caprichos da vida e, naturalmente, da morte.
Morrer é uma viagem de muitas certezas e algumas dúvidas. Aqui, nesta minha pintura em madeira recortada, os vários elementos formam a teia que é o jogo das interrogações, da dor e da resignação. Cores sombrias e formas contidas procuram simbolizar o meu olhar pela vida e pela morte. História da Minha Pintura.
Recordo hoje as palavras de Honoré Balzac:
“O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo.”
E vos deixo com o Requiem de Dvorak.
Dizem na televisão que, para Saramago, morrer é deixar de estar aqui. Quase como a Lili Caneças: morrer é o contrário de estar vivo. Assim, o carro que tinha morreu porque já não está aqui (Saramago) e não está vivo (Caneças). Enfim.
ResponderEliminarCá para mim, prefiro Camões: o que é mais que vida e morte não o alcança o humano entendimento. Ou Eugénio de Andrade: Tu perguntas e eu não sei / eu também não sei o que é o mar. Ás certezas de Saramago, prefiro as dúvidas dos poetas.
Talvez porque a morte de familiares e amigos já me tocou demasiadas vezes, prefiro encarar a morte de alguém como aquele que, tendo deixado de caminhar ao meu lado na mesma estrada, segue numa outra paralela. Não o vejo, mas está sempre comigo.
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