Não vou falar de mim. Não direi nada dos meus. Não revelarei quem faz parte das minhas amizades. Não quero dizer nada da vida, apenas quero contar como é. É sempre a mesma coisa. Tudo, todos os dias, se repete: os gestos, as atitudes, as rotinas, os prazeres e, naturalmente, os desencantos. De pintura falo, obviamente.
Tudo começa com ideias que se multiplicam e, de tanto pensar, vou saltitando por aqui e por ali, na recordação ou no julgamento das situações. E, quando pinto, assaltam-me tantos episódios do presente, do passado e também do futuro desejado. Pensamentos que me alegram ou, como acontece muito, me deixam de rastos. E de rastos fico, quase sempre, porque a pintura é sofrimento e sempre angústia.
Este meu trabalho, em madeira recortada, de 2001, é, como todas as outras obras, um olhar pelo que me cerca neste labiríntico mosaico de formas e situações. A representação de arquitecturas cromáticas e a luz formam este painel, que representa um tempo e um espaço. História da Minha Pintura.
E vos deixo com as palavras de Gustave Flaubert:
“A moral da arte reside na sua própria beleza.”
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