terça-feira, 8 de junho de 2010

A nudez






A Mulher Nua
Humana fonte bela,
repuxo de delícia entre as coisas,
terna, suave água redonda,
mulher nua: um dia,
deixarei de te ver,
e terás de ficar
sem estes assombrados olhos meus,
que completavam tua beleza plena,
com a insaciável plenitude do seu olhar?

(Estios; verdes frondas,
águas entre as flores,
luas alegres sobre o corpo,
calor e amor, mulher nua!)

Limite exacto da vida,
perfeito continente,
harmonia formada, único fim,
definição real da beleza,
mulher nua: um dia,
quebrar-se-á a minha linha de homem,
terei que difundir-me
na natureza abstracta;
não serei nada para ti,
árvore universal de folhas perenes,
concreta eternidade!

Juan Ramón Jiménez, in "La Mujer Desnuda"
Tradução de José Bento


A nudez tem o encanto do pecado e da descoberta do outro. A religiosidade criou perante o nosso corpo, grosso modo, condutas que, por sua vez, provocaram outros modos de nos olharmos. Com ou sem liberdade, com ou sem censura, o corpo, o nosso eterno corpo será palco de imaginação, fantasia e descoberta. Na vida. E na arte também.

Estas aguarelas foram feitas para responder a solicitações literárias. A ponte entre a escrita e a imagem é um campo apaixonante, já que gosto de ilustrar textos, segundo um julgamento formal que tem como técnica artística a aguarela. É rápido e simples desenhar e pintar no papel . Depois é o jogo da paciência e do gosto. História da Minha Pintura.

E vos deixo com a a voz de Beverly Sills numa ópera de Jacques Offenbach, baseado nas estórias de Hoffmann.

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