quarta-feira, 9 de junho de 2010

O mundo infantil



A Criança que Pensa em Fadas
A CRIANÇA que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em algum ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa


A arte é uma fuga; é um fingimento contente; é um caminho de descobertas; é um modo de estar e não estar; é a liberdade de ser outro, sendo o mesmo; é a fuga da realidade e da verdade; é tanto e é tão pouco.

Adoro crianças. Sempre gostei da pequenada. E de vez em quando faço obras que têm como alvo o mundo infantil, visto pelo olhar de quem viu passar muitas vidas. Esta série de pinturas em tela, de diferentes formatos, feitas quase todas no ano 2000 e expostas na então Galeria Art Konstant em Lisboa, marca uma faceta do meu percurso pictórico. Neste imenso universo de imagens procuro criar algo de novo que faça a diferença utilizando os processos antigos (tela, tintas e pincéis), mas dando um cunho novo. Deste modo, nasceu esta série, hoje tão longe daquilo que faço. História da Minha Pintura.

Hoje lembrei-me das palavras de Nicolas Boileau:

“Para que eu chore, é preciso que vós choreis também.”

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