quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ilusões perdidas





Ilusão Perdida
Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Pablo Neruda, in 'Cadernos de Temuco'
Tradução de Albano Martins

Estas duas telas, de formato irregular, mais uma vez, procuram retratar o espaço envolvente numa mescla de sugestões e de ilusões vividas ou desejadas. Ilusões perdidas, talvez, pela voracidade do tempo e das normas sociais. A vida é feita de convenções e de momentos, que se materializam, ou não passam de desejos, enganos e muitas ilusões perdidas.

Aqui, procurei, como sempre faço, criar uma figuração singular com os meios e os processos tradicionais, porque o que mais me fascina na pintura é ver nascer as formas e a harmonização das cores, numa luta sempre desigual entre o desejo e a capacidade, ou não, de alcançar o pretendido. História da Minha Pintura.

E vos deixo com a voz de Pavarotti e “O solo mio”.

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