quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dormir e sonhar



Fernando Pessoa encanta-me com a sua poesia que está sempre tão presente quanto pinto e escrevo. Recordo hoje mais um dos seus poemas extraído do “Cancioneiro”:

Durmo. Se Sonho, ao Despertar não Sei

Durmo. Se sonho, ao despertar não sei
Que coisas eu sonhei.
Durmo. Se durmo sem sonhar, desperto
Para um espaço aberto
Que não conheço, pois que despertei
Para o que inda não sei.
Melhor é nem sonhar nem não sonhar
E nunca despertar.



Esta minha pintura é a temática do presente. Trabalho por fases e, neste momento, interessa-me retratar o dormir e a privacidade inerente ao acto em si. Aqui, o modelo numa postura descontraída e num contexto intimista, com cores suaves e aconchegantes, servem os meus propósitos de representação. História da Minha Pintura.

E vos deixo com a música de Frederic Chopin e “Nocturno in E Flat Maior, Op. ) Nº 2”.

2 comentários:

  1. Não sei do que gosto mais: a pintura, o poema ou a música.
    Mais uma vez, onde pretendeste transmitir "dormir e sonhar", eu encontrei "abandono".
    Toda a expressão corporal do modelo, principalmente a facial, onde o olho direito é de quem dorme efectivamente, mas o esquerdo parece-me ligeiramente entre-aberto (é assim que se escreve?!)sugere-me um estado letárgico entre o cá e o lá muito interessante. Fico-me por aqui, senão ainda me citas o famoso filósofo grego: "... não suba o sapateiro acima do chinelo..."

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  2. Catalogar e sintetizar numa palavra uma tela quando lhe dou o nome provoca interrogações múltiplas de quem não "Vê" o mesmo...coisas da arte.

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