Recordo hoje as palavras de Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas":
Uma Cidade
Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
Esta minha pintura, sobre tela de 2001, é um retrato postal da cidade do Porto, que tem o encanto deste povo e desta gente, com o melhor e o menos bom de todos nós. Num cromatismo próximo do granítico citadino tentei representar uma panorâmica das vistas e do sentir popular. História da Minha Pintura.
E vos deixo com a voz de Fritz Wunderlich
Gosto muito do contraste entre a densidade urbana do outro lado do rio e a simplicidade do carro no banco. O mundo real está, na verdade, do outro lado, é lá que estão as casas, a economia, o trânsito, etc., mas, para a criança, tudo se resume a um pequeno carro num pequeno banco do jardim. O mundo tem o tamanho da nossa consciência.
ResponderEliminarJR
Pois é o nosso mundo é um jogo de multidões com objectivos e interesses imediatos muito distintos. Obrigado por mais uma nova leitura desta minha pintura.
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