quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cenas conjugais



Cada instante tem a sua história, o seu episódio, o seu momento banal ou inesquecível. É este deambular entre certezas e descobertas que fazemos o nosso dia-a-dia. Com muita ou nenhuma censura, andamos por aí como todos os outros, da mesma tribo, ou, em oposição, contestamos de vez em quando, ou quase sempre, ou mesmo sempre quando nos tornamos radicais. Coisas do presente, que já foram do passado, e, serão, certamente, do futuro em todo o lado, com todas as gerações. Pois claro.

Esta tela é um retrato do viver a dois que tem, naturalmente, o seu lado bom, e, como não poderia deixar de ser - o seu lado mau. Ceder é sempre uma tempestade, nem que seja num copo de água. Viver a dois é comungar ideias, objectivos, princípios e valores. O problema é quando cada um busca fins diferentes. Coisas de sempre. Hoje tão comuns. É a vida. De todos nós. Para o melhor e o pior.
Esta minha pintura é de grandes dimensões e foi pintada nos finais dos anos 90. Pretendia fazer um retrato intimista de um espaço privado com a identificação de um modo de vida, em que os desejos e sonhos de uns e outros aparecessem num jogo de posturas. Cores fortes, perspectiva e escalas foram determinantes para a realização deste trabalho. História da Minha Pintura.

Recordo hoje as palavras de Ambrose Bierce, in “Dicionário do diabo”:

“Intimidade: uma relação entre dois tolos, providencialmente atraídos para a sua mútua destruição.”

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