É terrível. É o nosso tempo com a comunicação planetária que constrói e derruba tudo e todos. Até o mais imaculado num instante pode ser o próximo alvo. Ninguém está imune ao livre arbítrio da censura dos usos e costumes. Paciência. É preciso saber viver com o melhor que o progresso tecnológico nos dá e passar ao lado (se for possível) dos malefícios das novas tecnologias. Afinal, quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele.
Esta tela é um retrato onde o sentido da pose, e do saber estar, se enquadra no contexto cultural que caracteriza este espaço e este tempo. O vestir e o comportamento fora de portas tem uma postura que é o resultado de séculos de guerras e de desejos conquistados. Hoje vivemos lutas civilizacionais onde aquilo que para uns é normalíssimo, para outros é uma blasfémia. Coisas dos tempos. Dos tempos desencontrados. Dos pensamentos errados.
Esta pintura procurou ser um jogo onde as cores e as formas formam um todo em que a representação do espaço se dilui na personagem. Os tons castanhos num fundo de brancos visam com as sombras, as texturas e as linhas oblíquas da composição, um olhar direccionado pela procura da comunicação e do sentido do saber estar. História da Minha Pintura.
Recordo hoje as palavras de William Shakespeare:
“Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.”
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