domingo, 27 de dezembro de 2009

Conversas enfadonhas





Conversamos tanto. Conversamos sobre tudo e sobre nada. Conversamos do que julgamos saber e do nunca saberemos. Conversamos. Conversamos por cortesia; por afecto; por necessidade social; por vaidade; por ignorância; por convicção. Conversamos. E assim passamos o tempo em conversas enfadonhas, quantas vezes, ouvindo mil vezes, o costume. E o tempo passa entre conversas triviais e sem nexo, no entanto, pior, mas muito pior que as conversas enfadonhas, é a não conversa. Conversemos pois.

Estes desenhos são meros exercícios caricaturais das posturas sociais nas muitas conversas de coisa nenhuma que é, quantas vezes, o nosso viver. Aqui utilizei a tinta-da-china e num registo rápido construi cenários onde as muitas linhas, definidoras do meu traço, procuram identificar personagens-tipo. História da Minha Pintura.

Recordo hoje um excerto do poema “O Constante Diálogo” de Carlos Drummond de Andrade, in “Discurso da Primavera”:



“Há tantos diálogos
Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional o vegetal
o vegetal
o mineral
o inominado...”


E vos deixo com a música sublime de Rossini e a ópera “O Barbeiro de Sevilha” e “ Una voce poco fa” e a voz da soprano Diana Damrau.

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