terça-feira, 24 de novembro de 2009

A nossa imagem





É o nosso tempo. É o nosso modo de estar e pensar. É o nosso desejo de fazermos parte da plebe sem constrangimentos. E porque é o nosso tempo construímos a nossa imagem à semelhança das atitudes e valores sociais contemporâneos. E assim vamos edificando a nossa imagem de acordo com o que nos cerca. Para o melhor e para o pior. Como sempre.

Estes dois desenhos fazem parte de um fragmentado trabalho onde procurei criar uma imagem de mim. Com o auxílio do espelho e com papéis de formato A4 e um lápis de mina dura, a representação das formas do rosto nascem da observação contínua, ou seja, observo-risco, observo-risco. Para que as proporções e a semelhança sejam correctas é preciso trabalhar muito com a construção do próprio desenho, que é, como toda a criação artística, um jogo de construções e destruições. Como sempre não utilizo borracha, daí os desenhos com muitas linhas.

Hoje recordo as palavras de um texto cristão extraídos de "São Gregório de Nazianzo.":

"Uma parte de mim já se foi, sou outro neste instante e outro serei se continuo a existir."

1 comentário:

  1. Estas "metades" troxeram-me à mente o poema
    Metade
    (por Oswaldo Montenegro). Decerto conhece, deixo só um excerto - este talvez porque no que escreveu refere o espelho em que se observou :)

    Que o medo da solidão se afaste
    e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
    que o espelho reflicta meu rosto num doce sorriso
    que me lembro ter dado na infância
    pois metade de mim é a lembrança do que fui
    a outra metade não sei.

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