Há as normas. Há os usos e costumes. Há a crítica social. Há a inveja. Há a ignorância. Há tudo para cumprir e obedecer. E há o nosso espaço. O espaço em que vivemos longe das opiniões e observações dos outros. Longe e tão perto de tudo e de todos. E é aqui que viajamos, entre quatro paredes, na nossa intimidade. Usamos ou não este traje; temos ou não esta postura; dizemos ou não estas palavras; fazemos isto e não aquilo; somos ou não somos isto e aquilo. E assim vivemos com mais ou menos intimidade. Entre quatro paredes.
Esta pintura em tela retrata um espaço que, como todos os espaços, cheios ou vazios, é um local onde expomos a nossa intimidade que é, sempre, a expressão do nosso modo de ser, com mais ou menos beleza, com mais ou menos verdade. Aqui, utilizei a perspectiva com um ponto de fuga e, procurei conjugar cores que não fazem parte dominante da minha paleta, mas que tento usar para fugir à dependência dos azuis que, de facto, predominam nas minhas obras. História da Minha Pintura.
Hoje recordo as palavras de Alain:
"Ninguém no mundo tem poder sobre o seu juízo interior; embora possam obrigar-nos a dizer em pleno dia que é noite, não há força capaz de nos coagir a pensá-lo."
E vos deixo com "Clopin-Clopant", aqui com a voz de Josephine Baker que chocou o mundo da época com posturas e modos de estar que estão hoje "normalizados".
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