As nossas coisas valem muito e nada valem. Valem pelo significado. Pelas memórias. Pela importância que cada um lhes dá. E nada valem em contextos diferentes. Nada dizem a tantos outros e, no entanto, são, quantas vezes, os nossos tesouros, aqueles que verdadeiramente nos agarram e nos dão momentos de alegria e de felicidade. As nossas coisas.
Esta tela de longa data, do período “boteriano”, procura ser um retrato de uma das muitas casas que enchemos com as nossas coisas que, valem o que valem. Cores fortes e complementares num desenho excessivo nas formas, fazem parte deste meu testemunho intimista. História da Minha Pintura.
E vos deixo com a poesia de António José Queirós:
Saudade
“ Há um mistério escondido no teu nome,
nesse nome fecundo e magoado
que convoca a incurável lembrança
gangrenada pela ausência de quem parte.
Numa íntima e infinita melancolia,
que às vezes se prolonga até às lágrimas,
a noite amanhece sofrida e impaciente
À espera que o tempo se cumpra na memória.
Da ruína que fica resta o silêncio,
A liturgia torturada e muda do remorso.”
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