sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Intimidade




A nossa casa é o espaço próprio da intimidade; é o lugar das nossas coisas; é onde estão ( ou deveriam estar) os nossos; é onde cada peça tem a sua história; é onde queremos expor a liberdade do estar; é, talvez, onde somos mais autênticos. Talvez.

Esta pintura, em tela, de longa data, retrata um ambiente onde os objectos adquirem os significados inerentes e representam um estado vivencial. Este meu trabalho procura captar a luz e o ambiente da intimidade do lar. Um intricado labirinto de linhas sugere profundidade, as sombras buscam dar volumetria às formas e as cores saturadas têm por finalidade criar uma harmonia cromática. Histórias da Minha Pintura.

Hoje recordo o poema “Intimidade” de José Saramago, in “Os Poemas Possíveis”:

Intimidade

“ No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressonante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.”


E vos deixo com a voz de Maria Callas cantando “Vissi d´ arte” da ópera Tosca de Giacomo Puccini.



Sem comentários:

Enviar um comentário