Vivemos num faz de conta. O importante é a aparência dos usos e costumes. Importante mesmo é manter tudo como dantes, embora o antes seja passado e não presente. É em todo o lado. Tudo e todos fazem de conta. E assim continuamos. Viva o faz de conta!!!
E a pintura que vos trago, para esta crónica, é uma tela, em grande formato, de um automóvel, por excelência, o mais apelativo e quantas vezes caracterizador do ter e não ter, neste mundo do desejo infinito pela posse de tudo e mais alguma coisa. Aqui, com uma pincelada, numa aproximação mais hiper-realista, procurei captar minúsculas parcelas deste objecto do desejo. Histórias da Minha Pintura.
E lembrei-me de Eugénio de Andrade e do poema “Faz de conta”:
“- Faz de conta que sou abelha.- Eu serei a flor mais bela
- Faz de conta que sou cardo.- Eu serei somente orvalho.
- Faz de conta que sou potro.- Eu serei sombra em Agosto.
- Faz de conta que sou choupo.- Eu serei pássaro louco, pássaro voando e voando sobre ti vezes sem conta.
- Faz de conta, faz de conta.”
Nada melhor na música do “faz de conta” que Mozart e Don Giovanni com a voz de Callas em “Non mi dir”.
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