segunda-feira, 17 de maio de 2010

O constante diálogo



O Constante Diálogo
Há tantos diálogos

Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional
o vegetal
o mineral
o inominado

Diálogo consigo mesmo
com a noite
os astros
os mortos
as ideias
o sonho
o passado
o mais que futuro

Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio.
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.


Carlos Drummond de Andrade, in 'Discurso da Primavera'

Comunicamos permanentemente, mesmo quando nada dizemos. Esta pintura é (ou procura ser) o retrato dos muitos diálogos, com ou sem substância; é (talvez) o espelho das vidas e dos comportamentos; é (ou não) a visão de posturas e de meios, é, em suma, o nosso constante diálogo de todos os dias.

Este meu trabalho, hoje propriedade da Câmara Municipal de Ponte de Sôr, é um díptico – forma que utilizei muito nos finais dos anos 80 -, procura descrever um contexto com as normas vigentes da temporalidade. Cores azuis e verdes dominam a composição que é, também, um jogo de sínteses formais e de surrealidades. História da Minha Pintura.


E vos deixo com a voz de Tomás Alcaide que encanta, qualquer um, quando queremos ouvir vozes de encantar.

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