É uma necessidade; é um ritual; é um modo de estar. Todos os dias, o banho matinal faz as delícias de quem se habituou a saborear os prazeres da água escorrendo pelo corpo, logo ao nascer da manhã. E, porque esconde sempre a intimidade de cada um, ele é um momento de encanto; de magia e de imaginação. Depois há os outros que, por muitos banhos que tomem, nunca irão conseguir limpar o corpo - sobretudo a alma - , da sujidão que transportam eternamente. Eternamente.
Esta tela da série de 1995 é uma representação do banho, num contexto aberto e rural, propício ao mal-dizer dos pequenos aldeamentos, onde a vida de cada um é sempre o alvo da intriga e da inveja. A espacialidade é dúbia já que o interior se confunde com a paisagem externa, numa mescla de confusas realidades, que é, afinal, a vida de todos, nos dias que correm, mesmo para aqueles que se julgam imunes às mudanças.
Cores simples e um desenho com escalas definem este trabalho que foi feito no turbilhão pictórico dessa época.
Recordo hoje as palavras de Friedrich Nietzsche, in “Para Além do Bem e do Mal”:
“Em homens duros a intimidade é questão de pudor – e algo de precioso.”
João,
ResponderEliminarHoje, com um pouco mais de tempo, tenho andado por aqui... o passeio pelas telas e pelas letras tem sido óptimo!
Obrigada por partilhar.
Bom fim-de-semana
um sorriso :)
mariam