O país ( uma parte do país) ficou eufórico. Esquecendo o desemprego, as fatalidades sociais e outras doenças, ontem houve festa. E grande. As ruas encheram-se de gente que alegremente cantaram vitória. O povo precisa de esquecer a realidade e viver, por momentos, o fascínio da ilusão da felicidade. E tudo graças ao Benfica.
Este díptico, em tela, de 1995, é o retrato também de um jogo de bola, onde, num contexto campesino, com franjas citadinas, o prazer do desporto está patente. Cada época tem sistemas e modos de divertimento de massas. Agora, entre outros, dar pontapés na bola é dos mais emotivos. Coisas do tempo. Do nosso tempo para viver na emoção e com a emoção.
Para fazer este trabalho - hoje propriedade da Secretaria de Estado dos Desportos -, utilizei, como fazia na época, umas folhas soltas A4 onde desenhava as figuras e as situações que iria pintar. Só mais tarde resolvi comprar blocos de folhas, para que os desenhos que deram origem às pinturas, não se perdessem, como aconteceu neste caso. História da Minha Pintura.
Recordo hoje as palavras de Oscar Wilde:
“A emoção pela emoção é a finalidade da arte, a emoção pela acção é a finalidade da vida e dessa organização da vida a que chamamos a sociedade.”
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