Palavras para a Minha Mãe
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz.
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"
Esta pintura é um retrato intimista que procura mostrar através dos objectos, da luz e das cores um estado de espírito e um modo de olhar o destino. O tempo passa e com ele as marcas de cada época. O prazer da representação dos espaços e a criação de temáticas de dúbias leituras fizeram o meu encanto nos anos 90, quando pintava estas telas, algumas delas de grandes formatos e num tempo recorde, tal o desejo de expressar sentimentos e ideias. Aqui uma homenagem às mães e ao lar. História da Minha Pintura.
E vos deixo com a letra e a música de José Afonso e “Minha Mãe”.
Sem comentários:
Enviar um comentário