Retratar o próprio corpo e daí exprimir uma forma de ser e estar é o objectivo principal do auto-retrato. É muito interessante ver como tantos se representaram e se olharam ao espelho. As divergências, os contextos, os modos de ver, sentir e viver o mundo nos retratos de Leonardo, Van Gogh, Chagall, Mário Elóy, Mário Botas,Lucian Freud, Andy Wharol, Frida Kahlo são o exemplo claro da diversidade que habita em nós.
Este é o meu último auto-retrato. Ele foi feito em 92 e é uma pintura sobre madeira (material que gosto muito pela textura, pela durabilidade e até pela História), com uma configuração recortada, que se enquadrava na série de trabalhos que fiz nessa época, caracterizados pela forma irregular e tendo como sugestão formal o corpo humano. Histórias …da minha pintura
E vos deixo com as palavras de Álvares de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa), in Da “Tabacaria”:
“Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!”
Muito interessante, ver como te vês. É caso para parafrasear Frei Luís de Sousa: "Pintor, Pintor, quem és tu?"
ResponderEliminarFalar de mim ou falar dos outros não é de todo a mesma coisa.
ResponderEliminarQuantas vezes falamos de nós em nome de outros;
Quantas vezes nos vemos nos olhos de outros;
Quantas vezes acreditamos que somos assim e não somos nada disso;
Querer ser uma coisa, não saber o que se é;
Imitar formas de ser ou estar para ser alguém igual sem ser original;
Ser único e muitas vezes sem saber,
porque não se consegue ver.
Porque muitas vezes a imagem de si é o reflexo da imagem dos outros.
Falar de si para si.
O que te diz, o que te murmura?
O que o espelho escondido em ti te reflecte?
Reflecte, reflecte!
O eco de mim mesmo, eco, eco…
Quem sou?
Há mais alguém como eu?
Sou agora o que sou, o que fui e o que serei?
Isso, eu não sei.
Mas que muito importa,
se eu sou mesmo Eu?
É realmente impressionante, sempre que me olho ao espelho tenho a sensação que vejo algo diferente, mesmo sabendo que sou a mesma figura.Assim se passa com a pintura,é podermos ver as coisas com outro imaginário. As tuas palavras fazem muito sentido
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