Esta é a primeira pintura que fiz e logo um auto-retrato. Um retrato tem dificuldades enormes. Impõe que haja uma semelhança entre o retratado e a pintura propriamente dita. Parece fácil, mas é sempre uma enorme batalha, no entanto, adoro fazer retratos. É o desafio, é o confronto, é o teste, é o querer demonstrar que sou capaz, é a luta permanente para provar que consigo. Eu sou assim.
O auto-retrato é feito por todos os artistas, por opção, ou, por falta de modelos. O próprio pintor tendo um espelho basta-se a si próprio para ter um objecto artístico: ele próprio.
Este retrato foi a iniciação ao óleo. Foi a primeira abordagem fora do contexto da sala de aula. Foi a descoberta do caminho desejado. Foi sentir orgulho perante o desafio. Foi o sonhar. E o sonho se fez realidade. Desde então não mais parei.
E vos deixo com as palavras de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)in, “Poemas”:
“Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalto próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu…”
E termino com a música sempre genial do maior de todos os compositores: Mozart, aqui no Concerto com Violino No. 5 (K. 219) primeiro movimento,com a interpretação ao violino de Anne-Sophie Mutter.
Mais uma partilha importante João Alfaro: a primeira pintura a óleo! Que tem duplo significado ao tratar-se da visão que o artista transmite de si.
ResponderEliminarO começo é sempre algo de entusiasmante, de desafiador e de indefinido quanto ao resultado conseguido. Sem o primeiro passo não se caminha; não se chega sem se ter partido.
Há já muito caminho feito. Muitos parabéns!