domingo, 16 de agosto de 2009

Moçambique

Nasci em África. Quando vi o filme África Minha, como todos os naturais, senti saudades. Saudades de um mundo deixado, de um mundo já não existente, de um mundo apenas aparentemente belo e perfeito no cinema. África é outra coisa. África é tudo menos bucólica e apaixonante na sua expressão mais nobre. África é um espaço enorme com tudo de bom, num mundo habitado por outros interesses. Infelizmente África é outra realidade. Infelizmente.

Esqueci, procuro esquecer, cada vez mais onde vivi em Moçambique os meus primeiros anos, donde, a minha obra plástica tem apenas pontualmente uma referência africana.

E hoje lembrei-me do meu conterrâneo Mia Couto e da sua obra Raiz de Orvalho e Outros Poemas e do poema Fui Sabendo de Mim:


“Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia”


E vos deixo hoje com a música sempre apaixonante de Mozart, utilizada pelo cinema americano no filme África Minha: Concerto para clarinete, 2 segundo andamento dirigido por Claudio Abbado e com o clarinetista Alessandro Carbonare.


1 comentário:

  1. O sonho africano. África de tantos e de tantos sonhos
    Arrancados renegados…
    os encantos das gentes dos sons dos cheiros das cores do seu sol e do seu mar
    Tantos longe mas tão perto
    da raiz
    a nostalgia do passado num presente conturbado….
    Das amizades disperso por matos decretados
    Anos e anos aguardados preparados
    Nuns instantes queimados
    Cinzas, minas, minerais
    Por demais
    Perseguir esse sonho
    As magias
    Animais.
    Nunca em África pisei, mas cresci
    Em labaredas de canto
    O espanto
    de por lá estar
    a voar,
    grou coroado
    continuo a sonhar
    África (minha)
    de meu sonho
    muitas vezes
    africano.
    (aidaB)

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