Nasci em África. Quando vi o filme África Minha, como todos os naturais, senti saudades. Saudades de um mundo deixado, de um mundo já não existente, de um mundo apenas aparentemente belo e perfeito no cinema. África é outra coisa. África é tudo menos bucólica e apaixonante na sua expressão mais nobre. África é um espaço enorme com tudo de bom, num mundo habitado por outros interesses. Infelizmente África é outra realidade. Infelizmente.
Esqueci, procuro esquecer, cada vez mais onde vivi em Moçambique os meus primeiros anos, donde, a minha obra plástica tem apenas pontualmente uma referência africana.
E hoje lembrei-me do meu conterrâneo Mia Couto e da sua obra Raiz de Orvalho e Outros Poemas e do poema Fui Sabendo de Mim:
“Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia
pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia
fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei
eu vi
a árvore morta
e soube que mentia”
E vos deixo hoje com a música sempre apaixonante de Mozart, utilizada pelo cinema americano no filme África Minha: Concerto para clarinete, 2 segundo andamento dirigido por Claudio Abbado e com o clarinetista Alessandro Carbonare.
O sonho africano. África de tantos e de tantos sonhos
ResponderEliminarArrancados renegados…
os encantos das gentes dos sons dos cheiros das cores do seu sol e do seu mar
Tantos longe mas tão perto
da raiz
a nostalgia do passado num presente conturbado….
Das amizades disperso por matos decretados
Anos e anos aguardados preparados
Nuns instantes queimados
Cinzas, minas, minerais
Por demais
Perseguir esse sonho
As magias
Animais.
Nunca em África pisei, mas cresci
Em labaredas de canto
O espanto
de por lá estar
a voar,
grou coroado
continuo a sonhar
África (minha)
de meu sonho
muitas vezes
africano.
(aidaB)