Pobre mundo este do chamado progresso e evolução social. Pobres, de nós, condenados ao silêncio e à solidão. Longe vão os tempos das famílias numerosas, das casas cheias, dos imprevistos e da comunhão dos afectos. Agora temos por companhia os cães e os gatos. São eles, os nossos amigos, com quem desabafamos nas muitas horas de solidão e tristeza. O que vejo é um país a envelhecer, sem gente jovem que renove a esperança e traga a vitalidade. O que vejo é a minha gente lusitana sem futuro. Pobre país. O meu país.
Esta aguarela retrata os gatos que servem de companhia àqueles que ficaram sós. Sob o ponto de vista plástico adoro retratar estes animais porque têm uma presença física esbelta. Estes felinos fazem parte da História da Arte desde sempre. Picasso, Chagall e Balthus não resistiram à beleza e ao encanto dos gatos, que nos servem tanto de companhia.
E vos deixo hoje com a música de Bellini que me tem servido de companhia: Norma, aqui com a voz inconfundível da Maria Callas em Casta Diva.
Depois de ler este texto e de ouvir a Callas, só me apetecia ser gato!...
ResponderEliminarRepousei o meu olhar na pintura, percorri o texto como se viajasse ao longo costa alentejana, e enquanto me deliciei a ouvir Maria Callas, só tive um desejo, "adorava ser gato"...
ResponderEliminarRepousei meus olhos nesta pintura, percorri as linhas cheias de palavras como se viajasse numa estrada à beira mar, deliciei-me a escutar Maria Callas, tudo bonito! No final tive um desejo, "apetecia-me ser gato".
ResponderEliminarEnquanto houver artistas
ResponderEliminarenquanto houver poesia
enquanto houver campos vestidos de verde
esperança
não estaremos sós.
Haverá sempre água que corre
Haverá sempre vida renovada
Haverá sempre um som de criança
que nos desperta para a dança
que nos acolhe
e nos leva no seu foguetão da mudança.