O artista plástico Manuel Cargaleiro disse um dia, já não sei se na rádio ou televisão, que o seu trabalho era intelectualizado, no entanto, ele trabalhava como um operário. Concordo em absoluto. Há uma ideia, um modo de expressão e o concretizar desse pensamento. O trabalho operário significa isso mesmo. Trabalhar muito, com rigor e verdade. E em simultâneo há o trabalho intelectualizado. Só aqueles que têm a força, a determinação e a capacidade de sempre, sempre dizer sim e não desistir apesar dos opostos é que vencem e apresentam obra. Ter muitos amigos e frequentar festas e eventos sociais para ser visto não faz a obra. A obra só aparece e tem consistência se obedecer ao saber e ao suor.
Esta tela de 2008 retrata um momento. Um momento de leitura. Um momento de passagem para outros mundos, outra dimensão.
E vos deixo com um dos primeiros grandes homens da escrita que descobri na minha adolescência - Rainer Maria Rilke, in “ O Livro das Imagens”:
O Homem que Lê
“…E quando agora levantar os olhos deste livro,
Nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
E aqui e mais além nada tem fronteiras…”
Nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
E aqui e mais além nada tem fronteiras…”
Já te disse que nem sempre gosto do que pintas. Esta gosto. Desde as cores à naturalidade dos modelos (expressões, poses), toda a composição tem algo que atrai. Dizer mais, seria pretensiosismo da minha parte. Gosto porque gosto.
ResponderEliminarQuanto à leitura, felizes dos que ainda conseguem um tempinho para essa actividade na voragem da vida actual.
Que beleza!
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