quarta-feira, 22 de julho de 2009

Carrossel da vida




Quando fui a Paris a primeira vez vi um lindíssimo carrossel. Este divertimento de feira esteve sempre presente nas minhas vivências. Quando era menino e moço, todos os anos, via extasiado a vinda dos feirantes; mais tarde, em terras de África, um carrossel - por falência do dono, segundo julgo saber, repousou anos a fio perto de minha casa. Depressa transformámos aquele local em ponto de encontro. Era ali que, quase diariamente, me reunia com os meus amigos, todos nós adolescentes em busca da maioridade. Por paradoxo e sem consciência eminente, o carrossel mais não era, mais não é, que a simbologia da artificialidade da selva, do bulício citadino e do desejo da alegoria do partir. Pois bem, foi esse despertar em Paris, que acompanhado das minhas recordações de criança, me fez regressar ao passado. Chegado a Portugal, depressa percorri as feiras, olhando o carrossel e daí surgiu a série das festas populares.
Viver primeiro, sentir depois e recordar para sempre.


Esta aguarela tem como elemento principal (porque se situa ao centro e se destaca pela cor) um brinquedo que simboliza um carrossel e as restantes figuras representam as vidas … cinzentas.

E vos deixo com a voz de Piafh em “Sous le ciel de Paris


3 comentários:

  1. Este é um tema fantástico no qual a vida gira e gira, rumo ao infinito!

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  2. João!
    Habituei-me a reparar e sentir, que as pessoas que viveram (prncipalmente, agora não sei) em África, nomeadamente Moçambique e Angola (mais em Luanda) estavam carregadas de uma energia e um fulgor que os metropolitanos jamais atingiam! A minha ascendência e descendência está repleta de gente assim. Os meus tios e primas nasceram, viveram e de Luanda tiveram que sair em 1975. Nunca me esqueço das férias grandes que passava com elas e das histórias que os meus tios contavam daquele Povoe lugar magnífico. A minha irmã "emigou" para lá há uns anos e já não a reconheço. Há, de facto, algo em África, que revolve o íntimo do ser e o transforma. Como já te disse, fui feito em Moçambique, mas o pai enviou-nos para a "Metrópole", com o receio que algo corresse mal. Em má hora o fez! Há pessoas, que carregam o ónus de muitas decisões erradas. Eu serei uma delas. Mas, se tal não fosse, não te teria conhecido. Em boa hora! Um Xi!

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  3. Um tema que nos transmite a imagem de Paris... Gosto muito, do tema, de Piaf e de Paris. Muito bonito.

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